Quadrado Textil

Quadrado Textil
Lenço (latin linteum, -i, pano de linho) s.m. Peça de roupa, que consiste num pedaço de tecido, quadrado, com que se abriga o pescoço ou a cabeça.

sábado, 3 de março de 2012

Vento no Algarve

Já era Outono.
Tinha, ainda, alguns dias de férias e resolvi passar dois, por minha conta, longe de casa.
Fui sem nada marcado, em época baixa, na esperança que fosse fácil encontrar onde ficar.
Cheguei no início da tarde e descobri uma simpática pensão à beira mar, perto de um supermercado.
Após deixar a mala fui abastecer-me e para começar bem as funcionarias usavam farda com lenço, 80x80, tricolor, azul, vermelho e branco. Estava quase vazio. Procurava por águas e aproveitei para me aproximar da funcionária que parecia a responsável do supermercado. Com um belo cabelo preso num, muito profissional, rabo de cavalo. O seu lenço estava rigorosamente colocado. Dobras perfeitas e nó descaído è esquerda do pescoço. Segundo a sua placa identificativa chamava-se Chloe.
Ela própria levou-me até as águas. Aproveitei para prolongar a companhia perguntando por mais. Fiz compras acompanhadas. Muito sensualmente acompanhadas.
Não sei se deixei escapar algum olhar mas pelas vezes que escorrera suas mãos no lenço é capaz de se ter apercebido de qualquer coisa. O meu sorriso certamente não deixava esconder a agrado por esta afrodisíaca visão.
Mais tarde, em cima da hora do fecho, voltei ao supermercado. Há sempre qualquer coisa que esquece!
Lá estava Chloe pronta a fechar mas mesmo assim deixou-me entrar.
- Obrigado Chloe. - Não resisti a trata-la pelo nome.
- De nada. - Disse sorridente.

Paguei na caixa e Chloe preparava-se para sair.
Não resisti a agradecer-lhe novamente e olhar para seu pescoço tão bem arranjado.
- Está cá há muito tempo? - Inquiriu Chloe.
- Não. Cheguei hoje. Ainda nem sei onde ir, ou onde comer.
- Posso indicar-lhe se quiser.
- Seria excelente. Mas... não quero parecer abusador... não gostaria de jantar comigo?

Subitamente, temi ter sido precipitado.
Após uns momentos de silenciosa reflexão respondeu.
- Está bem mas tem de me dizer seu nome.
- Claro, Jorge. Que indelicadeza a minha.
- Prazer Jorge. Vamos fazer o seguinte: vou a casa tirar a farda e daqui a uma hora encontramo-nos aqui.
- Combinado

Fiquei a passear na zona a imaginar que preferia que viesse de farda com aquele lenço tão bem colocado. Tão bem que era quase hipnótico.
Passados os 60 minutos lá chegou como combinado. Calças pretas, blusa branca, cabelo solto e...  um lindo lenço preto com padrão de pequenas e coloridas borboletas que lhe alegravam a indumentária. Dava duas voltas ao pescoço. Deveria ter cerca de 90cm de lado. Lindo! Ainda melhor que a farda. Ficava fantástica.
- Que bonita Chloe - deixei escapar olhando para o lenço.
- Obrigada. - respondeu passando a mão no pescoço como se tivesse percebido.
- E esse lenço fica tão bem - não resisti a dizer quase descaradamente. Não tinha nada a perder
- Gosta do lenço? É dos meus preferidos. - percebendo que me atraia.
- Imenso. Adoro ver uma mulher de lenço.
- Tenho muitos. E uso muitas vezes.
- Deve ficar sempre fantástica.
- Obrigada... O restaurante é ali.

Era um local acolhedor, com comida simples, bom ambiente e, nesta altura, quase vazio. Excelente para conversar de forma mais intimista.
No final do jantar já nos sentíamos confortáveis com o tratamento por tu. Não arrisquei falar mais de lenços para não parecer obsessão, como é.
Saímos já tarde nenhum de nós queria terminar o momento. Estava muito vento, embora não fosse frio.
- Vou prender o cabelo - afirmou retirando um elástico da carteira.

Após hesitar voltou a guardar o elástico e desatou o lenço do pescoço.
Tirou as dobras e amarrou na cabeça, à Grace Kelly, acondicionando o seu cabelo e provocando-me mais que imaginava.
- Gostas?
- Muito... Estás, estás... fantástica. Com estilo.

Tornava-se difícil não estar constantemente a olhar para Chloe. Estava tão sensual.
Agora já era realmente tarde, o tempo voou. Com muito custo concordamos em nos recolher. Fui leva-la a casa mais no campo.
- Amanhã estou de folga. Queres vir buscar-me para ir passear na praia?
- Quero. Adorava.
- Até amanhã, dorme bem. - despediu-se beijando-me suavemente na bochecha.
- Até amanhã. - retorqui tentando guardar na memória aquela imagem tão perfeita.

Já não era muito cedo quando voltei a sua casa para a ir buscar. Vinha de escuro com um muito colorido lenço no cabelo estilo pirata. Deliciosa! Adequado para o vento forte que se mantinha levantado.

Junto à praia deixamos os sapatos no carro para andarmos descalços na areia. Estimula os sentidos...
É daquelas alturas em que se quer desligar o tempo. Tão bom estava.
E aquele lenço no cabelo deixava-me fora de mim. Linda e sensual.
- O que tem o meu lenço? - perguntou
- Nada... - tentei disfarçar
- Tens estado a olhar para ele. Não gostas?
- Pelo contrário. Está perfeito para este tempo. Adoro... - agora que me denunciei!
- Adoras?! Conta-me.
- A verdade é que adoro ver uma mulher de lenço. - disse hesitante
- E o que te faz gostar tanto? - perguntava sem me deixar fugir ao assunto
- É tão sensual...
- Fico sensual assim de lenço?
-...muito.

Chloe é muito observadora e não deixa passar nada. Tinha percebido pelas minhas meias palavras que ia para além da sensualidade e que tinha um grande efeito sobre mim.
A praia estava deserta e tinha vontade de me experimentar.
- Tenho muitos lenços. Queres ver?
-...quero.

Tirou um dos perdidos na bolsa.
- Ás vezes ando com mais lenços, esquecidos aqui dentro. Pode ser útil. Gostas deste?

Mesmo sem responder Chloe percebera que não me deixava nada indiferente. Sentia que me tinha na sua mão.
Lentamente, a ver as minhas reacções, que lutava para não denunciar, dobrou o lenço em triângulo. Um quadrado grande e azul-escuro. Depois ao meio por três vezes até obter uma fita.
Segurando-o com as duas mãos aproximou-o dos meus olhos.
- Deixas-me? - perguntou docemente

Nada disse, sabendo que quem cala consente. Estava petrificado...
A íntima sensação do lenço a cobrir os olhos, do nó a ser apertado e de me estar a perder nas mãos de Chloe era arrebatadora.
Agarrou-me por trás, enfiando as mãos por dentro da minha camisa, a partir da cintura e esfregando-as até ao peito. Sentia o acelerado bater da minha pulsação.
- Ficaste mesmo afectado pelos meus lenços... - afirmou satisfeita.
- sim... descontrola-me completamente.

Suavemente retirou mais um lenço que já estava dobrado e atou firmemente os meus pulsos atrás das costas. 
- Agora vamos passear pela praia assim e depois logo se vê... Ficas a minha mercê
- Assim vendado estou completamente perdido. Falo demais. Faz-me o que quiseres que já nem consigo recusar nada.
- Chiu...
- Ahhhhhhhhhh, estou fora de mim.
- Primeiro vou passar a pontinha dos dedos em teu peito - adorando o que fazia
- Ahhhhhhhhhh
- Chiu, já disse teimoso.
- É mais forte que eu
- Vou ter que colocar um lenço na boca também? Acho que é melhor...- deliciada por ser mazinha
- Últimas palavras antes de colocar o lenço na boca do menino?
- Que me vais fazer? Quantos lenços trazia? Ai...

Sem hesitação ata, com rigor, um lenço na minha boca.
- HUMMMMMMM
- Agora sim, podemos continuar. És todinho meu....
- HUMMMMM, HUMMMMM, HUMMMMM.
Passou a pontinha dos dedos no meu peito e, assim sucessivamente, foi seguindo com os lábios.
- hummmmmmmmm
- Agora vou descendo lentamente, passo a língua em volta do teu umbigo....  Até chegar aquele botão danado.
- hummmmmmmmm
- Desço bem devagarinho com a pontinha da língua, até o botão
- Solto o botão sempre a olhar para ti e a sorrir, mas infelizmente não podes ver - provocou com ironia.
- HUMMMMM
- Abro o fecho... e muito lentamente vou baixando as tuas calças.
- HUMMMMM, HUMMMMM, HUMMMMM
- Levanta uma perninha, pode ser a esquerda por favor ... - quase em sussurro.
- Agora a direita ....
- Obrigada , e ganhas um beijo na barriguinha por te portares bem.

Estou quase nu e indefeso. Que mais me ira fazer?...
Conhecemo-nos há tão pouco tempo e já estamos assim...
Pediu, gentilmente sussurrando no meu ouvido, para me deitar na areia, mas antes ela desata-me as mãos para não ficar desconfortável.
- Deitadinho
- Hummmmmmmmmm
Chloe ajoelhou-se em cima de mim... Pega numa mão e na outra e ata-as, gentilmente, em cima da cabeça....
Podia sentir os batimentos dela muito próximos. Podia sentir e a sua respiração...
- hummm... hummm... hummm...

Sem pudor começou a explorar cada pedacinho do meu corpo com a boca ....
- Gostas ?  - sussurrou após tirar o lenço da boca para me permitir  responder....
- Adoro, levas-me ao céu, faz tudo o que quiseres.

Estou fora de mim.
- Chiu. Já falaste demais. Menino mau, vou colocar o lenço de volta. Por teres falado de mais, levas com um dentadinha na barriga.
- HUMMMMMM.

A sua provocação é incessante. Já percebeu que me rendi ao seu feitiço.
As suas mãos possuíam o meu nu corpo sem descanso.
- Era para isto que querias conhecer-me? - desatando o lenço da minha boca.
- Não tinha sonhado com tanto...
- Mas querias?
- Sim... Tanto...

Sempre sem ver e super sensível, sentia-a a mudar de posição. A escorrer seus seios pelo meu corpo. De baixo até cima, lentamente, deliciosamente, premeditadamente.
Sentia, agora, a rigidez dos seus mamilos sobre meus lábios. Não resisti a acariciar e mordiscar.
Pouco a pouco Chloe perdia o controlo.
Sabia que eu já estava no ponto de fusão e não lhe fugiria.
Soltou-me subitamente e tirou-me a venda.
Colocou as minhas mãos sobre a sua barriga oferecendo-me o seu corpo.
Percorri-a suavemente sem deixar território algum por explorar. Acompanhava seus movimentos com o meu corpo.
Só nos faltava dar mais um passo mas estávamos na praia e, embora deserta, a exposição impedia-nos de ir mais longe.
Já próximos do limite abraçamo-nos intensamente.
- Temos de continuar - disse-me como se fosse uma ordem.
- Temos...
- Vamos...

Endireitamos, minimamente, as nossas roupas com pressa de ir. Ajeitou o seu lenço à pirata provocando-me ainda mais. Aos meu olhos era uma Vénus.
Na curta viagem, de carro, até sua casa, pouco falamos. Apenas intencionais troca de olhares denunciando as vontades censuradas.

Aqueles minutos de viagem eram ampliados pelo desejo, até que chegamos, entramos e fechamos a porta...
-Não quero que vejas a minha casa. Ainda não.
-E o que vais fazer? - como se não soubesse.
-Obviamente que te vou vendar de novo. E mais...
-Mais?
-Sim, não chega a venda. Ainda não nos conhecemos e uma mulher não pode correr o risco de deixar um homem entrar em sua casa, assim indefesa. Vira-te. -não foi por receio. Foi por pura perversão.

Tirou-me a camisa e voltou a usar o lenço azul-escuro sobre os meus olhos. Amarrou firmemente as minhas mãos atrás das costas e levou-me pelo braço até ao quarto.
Estava novamente perdido nas suas mãos.
Sentou-me numa cadeira.
-Agora ficas quieto. -ordenou sumariamente.
Atou os meus pés à cadeira com dois lenços compridos.
Em silêncio fiquei, enquanto a ouvia mexer nas suas gavetas.
Nem tentei falar ou provocar. Não sabia até onde é que isto podia ir. De alguma forma temi que voltasse a por o lenço na boca deixando-me completamente indefeso.
-Agora olha. -sussurrou ao meu ouvido enquanto desatava o lenço meus dos olhos.

Tinha a cama coberta de lenços. Estava no paraíso.
-Quero ver como ficas. -sussurrou novamente, enquanto me retirava as calças.
-Os lenços deixam-te mesmo louco, não é?
-Sim. E mais quando sou, por ti, provocado...

Provou muitos deles, das mais diversas formas. Olhava para o meu estado para perceber de que modo melhor me provocavam.
Ali preso tentava me soltar para lhe tocar. Para lhe por lenços. Que vontade arrebatadora.
Foi à procura de mais um lenço. Da gaveta saiu um lenço médio, preto, de algodão.
Dobrou, com todo o rigor, numa fita que aproximou dos meus olhos, em silêncio, denunciando o que iria fazer.
Subitamente gritou:
-Não aguento mais.

Atirou com todos os lenços da cama para o chão, soltou os meus pés e mãos, empurrou-me violentamente  e, no mesmo segundo, vendou-me com o lenço preto e amarrou as minhas mãos e pés à cama com lenços que já não conseguia ver.
Sentia as peças de roupa a cair no chão.
-Agora, sim. És todo meu.

O seu corpo era energicamente lançado contra o meu, a sua língua provava-me sem pausas nem esconderijos, o gritante silêncio era exclusivamente quebrado pelos contactos na pele humedecida.

Perdemos a noção do tempo até ao esgotar das energias.

Sem aviso desaparecia de perto de mim esquecendo-se (ou talvez não) que os lenços seguravam-me à cama e proibiam o meu olhar. Ouvia água a escorrer e mais tarde o quarto a ser arrumado.
Esgotado não tinha forças para falar.
Sentia Chloe quase embaraçada por tudo o que se passara. Por isso me mantinha assim.
-Espero por ti para irmos almoçar -disse suavemente enquanto me desatava a mão direita saindo imediatamente para a sala.
Soltei-me, refresquei-me no duche e vesti-me.
Na sala Chloe esperava-me enquanto lia um livro, como se nada tivesse passado. Estava muito "casual" de calças de ganga, blusa branca e um lenço azul-claro em fita no cabelo segurando seus escorridos caracóis.
Serenamente voltamos ao restaurante da véspera.
-Quando é que nos vamos voltar a ver? -perguntou discretamente
-Em breve. Achas que, depois de tudo, consigo resistir muito tempo, sem voltar a estar contigo?
-...Não. -sorrindo, com malícia, enquanto acariciava as pontas do lenço, do cabelo.



Sue e QT














1 comentário:

  1. Gostei muito!Forte,sensual,sedutor,capaz deimobilizar-me diante da tela tamanha a capacidade de prender minha atenção.
    Neste conto sinto as cores e a maciez dos toques.Profundamente dominador e intenso e inesperado.Um conto tal qual um lenço!Parabéns!

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