Quadrado Textil

Quadrado Textil
Lenço (latin linteum, -i, pano de linho) s.m. Peça de roupa, que consiste num pedaço de tecido, quadrado, com que se abriga o pescoço ou a cabeça.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Intenção e Culpa

 

Cansada de não ser desejada, de não sentir nada que a leve mais longe, de não ter a adrenalina de quem quebra as regras e de não ter mais que uma enfadonha rotina. Era assim que se confessava a minha doce e grande amiga Lúcia que ia sobrevivendo a um casamento que já nada tinha para dar. Ignorada por um marido que, só muito pontualmente, cumpre as suas "obrigações matrimoniais", sem qualquer interesse e apenas como dever. Rápido e eficaz.
Por vezes porque ela pediu outras porque ele apenas precisa descarregar os testículos, embora com carinho e com absoluto respeito. Demasiado respeito. Invariavelmente sem duração, sem paixão, sem perversão, sem intenção, sem culpa...

Passaram os anos, agravava a carência. Passou de desculpável e, mais tarde, tolerável,  até se tornar perturbador. 

O divórcio foi a natural consequência de um casamento que em tudo arrefeceu.

A primeira vez que se abriu comigo foi depois de um jantar, com algum desinibidor excesso de álcool. No meio de animada conversa sobre prazeres da vida ironicamente deixou escapar que: "há quem queira muito e nada tenha"
Mantivemos sempre uma íntima amizade, falando-nos frequentemente sem constrangimentos. O tema surgia abertamente, em alturas de maior fragilidade,  embora com algum lamento.

Num sábado, de manhã, encontramo-nos na marina, pouco depois do nascer do sol, a convite de amigos comuns, para um dia no veleiro deles.  
Todos os anos acontecia este encontro. Embarcação grande, com mais de 15 metros de convés, partilhados por 10 pessoas. É sempre fantástica a navegação costeira, por entre ancoragens em praias inacessíveis por terra e um salutar convívio. Também é bom ter amigos assim.  ...e oportunamente ricos.

Sempre tive facilidade em navegar á vela. Por isto os ajudava muito a bordo com a manobra. 

Lúcia não estava indiferente. Gostava de ver e de navegar. Pontualmente perguntava-me sobre como fazer alguma coisa. E cheguei a lhe ensinar alguns nós. 
Numa simples brincadeira ato-lhe os pulsos para a testar.

- Tens jeito. - Verificando a eficácia.
- E dá jeito. - Devolvi segurando-lhe as mãos em cima.
- Assim fico mesmo presa. - Comentou baixinho, gemendo e contorcendo-se muito discretamente.
- Eu salvo-te. - Desatando-a rapidamente

Houve um subtil momento em que Lúcia pareceu diferente. Uma inusitada entrega. Qualquer coisa no seu corpo que, inocentemente, ainda me escapava.

Já depois do sol posto atracávamos, de volta à marina. 

Naturalmente cansada veio ter comigo.

- Estou um bocadinho cansada. Achas que me podias levar a casa? - Timidamente perguntou
- Claro que sim. Sabes que tenho todo o gosto. - Respondi sem hesitar
- É um grande favor que me fazes. 
- Não favor nenhum. Sabes muito bem que comigo não há absolutamente nada que não possas pedir. Somos tão próximos há uma eternidade. - Afirmei muito convicto.
- Pois somos. Obrigada mesmo assim... - Fazendo uma inusitada pausa como se tivesse ficado algo por dizer.

Sós no carro, a caminho da sua casa, a conversa aprofundava-se como frequentemente acontecia.

- E como tens passado? Já lá vai mais de um ano. - Discretamente referindo ao seu divórcio
- Não me perturba. Foram tantos anos inócuos que a única coisa que mudou é que as compras no supermercado são menos.  O mais emocionante que me aconteceu com ele, nesses últimos anos, era ir a um restaurante e comer um prato com excesso de picante. - No seu estilo mais sarcástico.

- O que te falta é picante. Vou te oferecer um Tabasco. - Não resisti à leve piadinha
- Tonto! - Protestou sorridente.
- Ou melhor: um cato. Picos não faltam! - Ironicamente insisti.
- Chato. - Dando uma palmada no meu ombro.
- Então que te faz falta? - Provoquei.
- O que me faz falta é intensidade e culpa. Faz falta que me façam tudo sem eu ter de suplicar. Faz-me falta ser possuída sem dó nem piedade, sem poder resistir nem opinar. - Num inesperado tom sério.
- Só se fores bem amarrada. - Sarcasticamente respondi.
- Quero. Quero ver o que valem os teus nós. Com lenços - Respondeu de imediato, séria, olhando-me nos olhos sem nada mais dizer.

Mudo fiquei, desviando o olhar para a estrada que era onde devia estar de qualquer modo. 
Fora apanhado completamente desprevenido.
Fiquei sem escolha. Era incontestável. Fui imediatamente possuído pela vontade de lhe colocar lenços sem limites, impossibilitando-me de ser prudente.

Chegamos logo de seguida sem que antes conseguisse falar.
- Tens a certeza que queres? - Inquiri em esforço e confuso.
- Tenho. Mas não quero falar mais nada. Não quero pedir. Disso estou farta. Quero que aconteça. Vais para casa e mandas-me um SMS com tudo o que precisas e como precisas e vens aqui ter comigo amanhã de manhã. 

Regressei a casa, atordoado, apenas com a perversa ideia na mente, que já fervia. Ela fora muito clara e conhecia a minha fraqueza. Sabia que não resistiria. Agora fica a questão de como fazer.

Procurei ser direto e escrevi apenas três frases:

Preciso dos lenços.
Vestes apenas cuecas, um lenço atado sobre o peito em forma de top e colocas o robe por cima.
Chego às 10:00.

Nada de importante acontecera entre nós no passado. Subitamente, queimando muitas etapas, temos estes planos muito ambiciosos. Provavelmente demais. Lúcia estaria claramente à beira da explosão causada por todo o tempo de carência.

Rigorosamente cronometrado às 10:00 toco à sua campainha. Leva longos segundos para abrir a porta. Cada tranca que se ouve soltar, nas quatro voltas que lentamente a chave dá, parece que leva uma eternidade. Em contraste a porta abre rapidamente e fecha logo após a minha entrada. 

Frente a frente, em absoluto silêncio, faz um muito discreto movimento de "sim" com a cabeça, fechando e abrindo os olhos lentamente, indicando a sua entrega.

O seu robe de fino cetim rosa escuro, com o cinto mal atado, apenas com um largo nó, consentia um inocente vislumbre das suas cuecas pérola, de renda e do acetinado lenço grande, dobrado em triângulo, colocado sobre o peito, com nó atrás das costas, em forma de top. 
Tudo rigorosamente como combinado obrigava-me a cumprir a minha parte.

Cuidadosamente, com os dedos indicadores sobre a sua cintura, solto o laço nó do robe suavemente retirando o acetinado cinto e colocando sobre o meu ombro.
Abre-se o robe expondo-a um pouco mais. 
Novamente com os dois dedos indicadores sobre os seus ombros, junto ao pescoço, empurro o robe para as costas, fazendo-o cair desamparado sobre seus pés. 
Mantendo silêncio contemplo-a com descaramento e desejo. Surpreendentemente não é constrangedor. É quase natural.

Seguro a sua mão esquerda e pausadamente junto a direita. Pego no cinto do robe e ato uma à outra com firmeza. Tomei posse.
Levo-a para o quarto deixando o robe esquecido no chão.

Tudo estava milimetricamente preparado. Lúcia sabia o que fazia. Na mesa de cabeceira estava um conjunto de variados lenços, uma garrafa de água e uma discreta caixinha com preservativos. A cama apenas com o lençol de baixo bem esticado para que não haja nenhum impedimento.

Sento-a na sua antiga cama de grades. Calmamente empurro-a para o centro. Tenho muito tempo e uso todos os momentos. Sirvo-me das pontas soltas do suave cinto, que lhe prende as mãos, para, sobre a sua cabeça, a atar à cabeceira. 
Está confinada à cama e ao meu desejo.

Sempre devagar, é hora de escolher os lenços. Abro-os um a um, lentamente, selecionando os que melhor vão servir o perverso propósito. Não é inocente. Quero lhe criar desejo e expectativa. Sabe que não pode fugir ao seu destino.
Escolho dois lenços compridos que coloco junto aos seus pés. Mais meticulosamente procuro dois lenços quadrados. Um maior, de escuro fundo preto, acetinado e outro, menor, de fundo branco, de algodão. Dobro o preto em triângulo e, em seguida, multiplico as dobras até ficar numa fita. Repito com o branco de forma que veja e imagine o que vou fazer com os dois.
Pego novamente no lenço preto e aproximo lenta e ameaçadoramente dos seus olhos. Ato cuidadosamente para a deixar completamente no escuro. O lenço branco coloco pendurado sobre a grade da cabeceira.

Contemplo novamente em silêncio enquanto me aproximo dos seus pés. Pego num dos lenços e firmemente ato-o ao canto da cama. Faço outra pausa e repito com o seu outro pé.

- Aiiiii... - Suspira longamente.
- Agora és minha. - Colocando a minha mão pesadamente sobre a sua boca, silenciando-a em provocação. 

Faz pouca resistência. Sabe que é irrelevante.

Pego no lenço branco de algodão da cabeceira, já em fita e ato-o á volta da sua boca, entre os dentes, condenando-a a um submisso silêncio. 

Está totalmente indefesa. Sabe que posso impunemente e sem contestação fazer dela meu objecto de prazer. 

Lentamente enfio as mãos por baixo das suas costas. Com minucia procuro o nó que segura o lenço que lhe cobre o peito. Aos poucos folgo esse nó até ficar completamente solto. Puxo o lenço pela ponta de baixo, escorrendo a sua leveza sobre seu corpo, por entre as suas penas afastadas e expostas.

As minhas mãos descem a seus pés. Fazendo uma forte pressão nas suas pernas, com os polegares pelo interior, percorro-as até às virilhas. Agarro as suas gentis cuecas e rasgo-as para as tirar. 

Contemplo impunemente para todo o seu corpo. Tenho todo o tempo a meu favor e uso-o largamente. Adoro as pequenas torções de denunciam o seu desejo. 

- Já te devia ter despido antes. Não sabia que eras assim tão deliciosa. - Sussurrei ao seu ouvido a arder de desejo.

A ironia que quem, assim indefesa, nada pode fazer, nada pode exigir, pedir ou sequer contrariar e tudo terá, mais que espera, até ao limite da sua resistência.

- Vou ter devorar até ao último ossinho. - Provoco intencionalmente.

Seu corpo contrai-se inocentemente num misto de adrenalina e desejo.

O quarto perfumado pelo seu suave aroma a gel de banho e a sua submissão aos lenços multiplica o meu desejo.

Percorria, com as pontas dos meus dedos, todo o seu corpo, de cima a baixo, lenta e repetidamente, sem tocar na sua intimidade mas passando numa imoral tangente. Sentia a sua suave textura enquanto cheirava a sua doce pele.
Por cada volta os dedos tornavam-se mais intrusivos, mais se aproximavam da sua intimidade, mais a faziam contorcer.
Era inevitável procurar o seu sabor mordiscando os mamilos, alternadamente, com os lábios. As suas lisinhas axilas, tão expostas, eram vítimas do desejo da minha língua em saboreá-las e que, depois de liberta, cada vez mais se aventurava nas profundezas do seu corpo.

A vontade de a possuir era, agora, incontrolável. Ambos sentíamos e sabíamos que estava atingido o ponto sem retorno. Docemente descia a minha atrevida língua. Percorreu todo o contorno do seu rijo peito, descendo por entre o seu vale, em atrevidas curvas até ao umbigo. Explorou-o até bem ao fundo, repetidamente, até que desceu até à porta do prazer, escancarada e indefesa. Cerco, com os meus lábios o seu clitóris, que permanece encarcerado enquanto acariciado pela ponta da língua, de cima a baixo, vezes sem conta, sugado como se fosse fatal e mordiscado com leveza, fazendo com que Lúcia se perca descontrolada.

O meu agigantado desejo leva-me a procurar o seu sabor a mulher, a sua humidade e o seu prazer. Mergulho no seu fundo, cheirando-a e saboreando-a avidamente. A língua entra e sai da sua intimidade incessantemente, como e quando quer, independentemente de como Lúcia se contorce descontrolada.

Todo o corpo de Lúcia respondia com a vontade própria de quem ansiava por esta atenção. Precisava ter cuidado porque navegava no vértice do seu limite de explosão e não o quero, para já.

Atento ao pico do seu prazer, que não lhe consinto atingir, faço pontuais pausas. Fico a observar o seu corpo a retorcer-se para concretizar o desejo, as suas ancas sobem e descem, repetidamente, apenas limitadas pelas pernas atadas. Geme, abafada pelos lenços que a silenciam, suplicando que não pare. Sob o meu controle era propositadamente ignorada.

Está indefesa, submissa e sem direito a escolha. Sujeita à minha vontade, tanto na terra como no céu que está tão próximo.

Mal demonstra um momento de abrandamento é atacada pela imoral língua, que não lhe consente descanso, entrando na sua intimidade. Volto a saborear a sua humidade, a trucidar o seu exposto clitóris, a assumir intencionalmente todo o seu prazer.

Desta não haverá pausas, num renovado sobe e desce da minha língua, que não lhe permite um momento de paz. Invadida perversamente, sem controlo do seu movimento nem do seu corpo, liquefaz-se longamente. Todo o corpo consumido pelo prazer e pelo esforço exigido, aos poucos pede paragem. Esgotada tenta expressar, sem conseguir fazer se ouvir, declarar que já lá chegou, que se rende e precisa repouso.
A fugaz energia que lhe resta só serve para se contorcer e gemer.

- Já chegaste ao fim, meu doce? - Pergunto-lhe ironicamente.
- Hummm. - Tenta confirmar abafada pelos lenços que a amordaçam.
- É apenas o início - Perversamente provoco.
- Hummm, hummm, hummm. - Abanando a cabeça tentando contrariar.  

Sem aviso e sem que pudesse ver ou prever envolvo seu indefeso clitóris nos meus lábios. Acaricio suave e repetidamente com a língua até a sentir novamente no estado de loucura. 
Não leva muito tempo a se perder.
Não há concessões, não há limite. Mesmo ao ligeiro toque encharca-se de prazer. Perdeu o controlo e continua cativa, sujeita ao intenso desejo, do qual assumi toda a culpa. 
Saboreando-a repetidamente, libertando sobre ela a minha língua exploradora, torce-se e retorce-se limitada pelas pulsos e tornozelos atados, virando a cabeça para um lado e para o outro sem padrão. 
Nada mais pode fazer a não ser perder-se em novos orgasmos, durante a longa manhã que só termina quando eu decidir.   

De rastos, mal se apercebe que vou, aos poucos, um a um, libertando cada membro, até que finalmente desato o lenço da sua boca, permitindo uma ofegante e recuperadora respiração. 
Coloco-me sobre ela e muito lentamente invado-a até ao seu encharcado e dilatado fundo. Com os braços e pernas abraça-me puxando-me para dentro até me derramar. Há muito no meu limite passou apenas um momento até jorrar.
 
Após minutos imóvel dentro dela, saí suavemente, rolei para o lado, desatei o último lenço que lhe cobria os olhos e puxei os lençóis para nos proteger. 
Sem pressa deixei-a adormecer, ficando a disfrutar da sua serena expressão até adormecer também.

Acordo, mais tarde, sem a sua companhia. Já tinha saído deixando-me só no quarto.
Não percebo o que se passa. Será que não foi o que me pareceu?
Na cabeceira estava um bilhete:

"Não sabia que isto ainda era possível!"

Lentamente desloco-me à cozinha. Lá estava Lúcia de lenço em top, a preparar um snack.

- É tarde. Comes comigo. - Convidou em forma de ordem.
- Sim. Teria todo o gosto. - Prontamente aceitei.
- Acho que até mereces... - Com um maroto sorriso.
 

QT  
 





 




  






 
  



 










terça-feira, 21 de junho de 2022

Imóveis e Vendas







O dia já ia longo. Não tinha conseguido fechar o negócio de um imóvel que estava a ser nosso alvo desde o ano passado. Rita, a minha colega e sócia nesta imobiliária, que criamos juntos, conforta-me no seu estilo confiante:
Não te preocupes que, amanhã de manhã, vou tentar reunir com eles.
- Mesmo acreditando no teu chame temo que essa casa nos escape. - incrédulo respondi.

Nunca lhe falta confiança nem genica. Basta olhar para ela que se percebe de imediato. Sempre vestida de forma clássica, prática e sofisticada, com o pescoço muito bem arranjado com lenços que selam perfeitamente a sua indumentária. Nem desconfia de como fica sensual. 
A nossa empresa era sediada num prédio antigo de dois andares que, muito oportunamente, apareceu no mercado. Não podíamos deixar de aproveitar e remodelar para nós. A loja, onde instalamos a empresa ocupava todo o rés-do-chão,. Rita ficou com o primeiro andar e eu com o segundo. Partilhávamos descontraidamente as chaves das nossas casas por ser prático e para garantir que nenhum ficava de fora por acidente ou esquecimento. 

Como costume, na sexta feira, saí um pouco mais cedo para correr e purificar a alma, após esta desmotivante semana. Tive dificuldade em desligar mesmo após longos e suados quilómetros. 
Enchia a banheira para um muito pouco ecológico, volumoso e relaxante banho. É o meu luxo semanal. Ligada a coluna Bluetooth, com Bach a soar alto, nem percebi que a campainha tocara repetidas vezes. 
Subitamente sinto bater na porta da casa de banho como se a estivessem a esmurrar. 
Preciso falar contigo. - Gritava Rita para se fazer ouvir sobre o Adágio e Fuga. 
- Agora? - Respondi após pausar a música. 
- Sim. Agora
Mas acabei de preparar o banho. Não podes esperar? - Abrindo a porta com a toalha enrolada na cintura. 
- E o teu banho não pode ficar para mais tarde? - Disparou de seguida sem hesitar 
- Não. O que faço com os 200 litros de água arrefecer? 
Mas é muito importante e urgente. 
Bolas que és chata!
- Sou. Sempre fui. - Sentando-se no tampo da sanita e cruzando as pernas demonstrando a sua persistência. 

Um constrangedor silêncio  de quase um minuto, instala-se enquanto nos fitávamos, olhos nos olhos, sem solucionar este beco sem saída. 
Tenho uma ideia. - Segura indicou enquanto desatava o lenço que usava ao pescoço. 

Ajeitou a dobra do lenço e, com todo o rigor, atou sobre os seus olhos.
Pronto agora podes tomar banho à vontade enquanto falamos. Alguma objecção? - Questionou para que não tivesse outra alternativa. 

Nada indiferente à sua erótica imagem, retirei a toalha com o maior cuidado. Notava-se.... 
Não seria o relaxado banho que desejara. O desejo agora era outro. 
Cuidadosamente mergulhei na bem aquecida água. 
Então o que de tão importante trazes? - Questionei de seguida. 
Preciso da tua atenção com urgência. - Indicou com autoridade. 

Era obvio que queria a minha atenção e com urgência. Não é todo o dia que se invade um banho para falar. A minha atenção estava mais que capturada. 

Temos de tomar decisão agora. Consegui falar com os proprietários, encostei-os à parede e fiz uma proposta, 
Eles aceitam se fechamos hoje. 
- E o que precisas da minha parte? - Tentando manter o maior profissionalismo nestas circunstâncias. 
Tenho tudo preparado. Só temos de confirmar para eu fechar. 
E vais ler alguma coisa agora ? - Provoquei sarcástico. 
Engraçadinho. Tenho tudo na cabeça. - Sem hesitar um segundo disparou. 

Percorremos os pontos principais. Tentava não perder a concentração nem ter pensamentos desviados ao vê-la assim tão sensualmente vendada com o seu lenço. 
Não tinha duvidas e, enquanto me enxugava, já era claro que o negocio não se podia deixar de fazer. 
Obviamente concordo. Fizeste um excelente trabalho. Podes fechar. 
Que bom! Obrigada. - Levantado -se com os braços esticados à frente, procurando-me no ar, para dar um abraço.  

Sem intenção premeditada ligeiramente desviei-me para poder prolongar aquela visão mais por uns instantes. 
Logo de seguida fechamos um longo e vitorioso abraço. Que foi tanto de bom como de pouco ortodoxo. Afinal Rita ainda estava com os seus olhos vendados com o lenço e eu ainda despido. 
Lentamente afastamos - nos e as suas mãos desceram e repousaram sobre me peito mal enxuto . Num escasso momento estabeleceu-se o que parecia um longo silencio, subitamente quebrado. 
É melhor vestires-te que eu tenho de terminar o trabalho. - Rematou hesitante 
Sim. - Sem mais palavras enquanto agarrava na roupa. 

Vesti-me não tão rapidamente como deveria, olhei-a indiscretamente, já que podia e afastei-me com cuidado. 
Já estou. - Avisei baixo. 

Sem nada dizer Rita desatou lentamente o lenço que a vendava e cuidadosamente olhou para mim dos pés para cima, certificando-se que estava tudo bem arrumado. 
Atou minuciosamente o lenço no pescoço e regressou ao seu modo de trabalho como se nada acontecera. 
Vou tratar de tudo o que falta. - Enquanto ajeitava a roupa preparando a sua saída. 

Durante anos esforcei-me para resistir à sua sensualidade quando usa os seus lenços mas o esforço afigura-se sobre-humano. 
Após sair sentei-me como se fosse atordoado sem conseguir deixar de ter a sua deliciosa imagem gravada na mente. 

Passou o fim de semana sem que comunicássemos. Segunda, logo pela manhã, lá estávamos no escritório. Trazia o mesmo lenço no pescoço. Não sabia de foi intenção de me provocar ou apenas indumentária. Transbordava sensualidade. Tentava não deixar perceber que me prendia toda a atenção. 
Com algum esforço concentrei-me nas formalidades para concluir o negócio em curso esta semana. 
Não foi fácil mas, acabada a semana, tudo está concluído e assinado. Um sucesso que nos tirou um peso de cima. 

-Temos de comemorar. - Sugeri descontraído. 
Vamos. - De imediato concordou. 
A que horas? 
Fazemos o seguinte: Vais à tua corrida e eu mudar de roupa e vou lá ter a tua casa. - Sugeriu com a capacidade de decidir que a caracteriza.
Combinado. Até logo. 

Sem muito pensar equipei-me e sai em passo ligeiro. 
Na volta, suado, meti a chave na porta que não estava trancada. La estava Rita. Sentada na sala já à minha espera. 
No seu estilo de sempre mas havia qualquer jeito ainda sensual. Aquela blusa branca, com mais um ou dois botões abertos do que lhe é habitual, com o decote bem resguardado por um delicioso lenço, meticulosamente atado no pescoço. 
-  Chegaste cedo! - Surpreso comentei. 
-  Cheguei. Fiz mal? 
-  Claro que não. Não queria deixar-te só, a secar, enquanto tomo o meu banho. 
Não te preocupes. Tenho tempo. 
Na semana passada ficámos em reunião. - Comentei sem segundas intenções 
Pois. - Respondeu fixando, em silêncio, o seu olhar nos meus olhos. 

Senti-me numa encruzilhada de consequências imprevisíveis. Tinha de decidir entre a razão e a emoção. Somos sócios. Temos fronteiras que não é prudente cruzar. Decido rapidamente me manter seguramente distante. 
E se reuníssemos novamente? - Sugeri instintivamente contrariando toda a prudência. 

Sem responder nem me olhar levantou-se lentamente. Seguiu-me até ao banho. Sentou-se no sobre o branco tampo da sanita e seguiu o recém criado protocolo. Lentamente desatou o deu lenço do pescoço e, como é seu hábito, endireitou minuciosamente e com delicadeza atou sobre os seus olhos. 
Agora que expôs o decote nota-se o detalhe do botão extra aberto permitindo um atrevido vislumbre do seu doce volume. 
Vendada com o lenço e expectante multiplica o seu erotismo. 
Silenciosamente tomo um rápido banho ansioso pelo momento. Felizmente está vendada. O meu desejo não dá para camuflar enquanto me enxugo. 
Lavado e seco - São as únicas palavras que me ocorrem dizer. 

Lentamente levantou-se aproximando-se  perdida no escuro da venda. 

Suavemente seguro as sias mãos e encosto-as no meu peito. Assim sente o volume da minha respiração lenta e profunda. 
Seus seios quase expostos fazem crescer o meu desejo. 
Cuidadosamente coloco dois dedos sobre o botão. Levemente pressiono o decote para baixo  declarando o meu desejo.
Com muito jeito e apenas com os mesmos dois dedos solto o botão e observo como morde o lábio inferior resultante da provocação.
Vencido este botão, com o dedo indicador encostado ao seu corpo, desço ao seguinte. Olho à-vontade e indiscriminadamente para o seu corpo e sua expressão corporal. O lenço sobre seus olhos permite que esse atrevimento passe despercebido.
Novamente desperto o botão que segue e novamente desço o dedo. Um a um até ao último botão.
Suas mãos repousam ainda sobre meu peito sem mover, autorizando implicitamente a minha intromissão.
Delicadamente afasto as pontas da sua blusa expondo toda a beleza dos seus firmes seios. Nada trazia por dentro fazendo suspeitar de alguma premeditação. Transbordava sensualidade.
Coloco firmemente as minhas mãos sobre o seu abdómen. Lenta e pecaminosamente percorro o seu corpo sem esconder perversas intensões. Seguro nas suas mãos baixando -as até à cintura. Novamente exploro subindo pelo seu peito  parando apenas nos ombros sob a suave blusa. Simultaneamente, com ambas as mãos, empurro a blusa para trás deixando-a cair livre pelas costas até ao chão.
Seu tronco despido e exposto apimenta o meu desejo  e denuncia o seu.
Devagar, muito devagar, acaricio seu corpo como se fosse frágil. Exploro longamente todos os seus deliciosos contornos.
Abraço-a intensamente negligenciando que irá sentir toda a minha sólida excitação encostada a si.
Sempre vendada dirijo-a ao quarto por caminhos tortos, para que fique mais perdida.
Paro, aguardo em silêncio uns momentos, coloco a mão no botão atrás da saia e, num gesto único e preciso solto-o. Lentamente puxo o fecho associado até a saia cair. Cuidadosamente retiro-a dos pés entrelaçados para que não tropece.
Começo a subir as minhas mãos pelas suas pernas levemente até as cuecas. Sinto que hesita e deseja em simultâneo. Continuo cuidadosamente seguindo o perímetro dos elásticos até estar seguro que não ultrapasso a sua vontade.
O seu corpo a contorcer-se, perdidamente desinibido pelo escuro da venda. É irresistivelmente delicioso.
- Vem para mim. - Súplica puxando-me.
Vigorosamente baixo suas cuecas acabando com as hesitações.
Não consigo deixar de saborear alternada e minuciosamente os seus firmes mamilos.
Qual dos dois é mais levado à loucura?
Desço, languidamente à procura do seu sabor, em curvas perdidas, pelo seu abdómen.
Afasto as suas pernas beijando a sua intimidade.
Não consigo controlar o atrevimento da minha língua que, livre de inibições, acaricia repetidamente a sua intimidade. A pontinha percorre minuciosamente seu firme clitóris, envolvido pelos meus mornos lábios, vezes sem conta, num incontrolável crescendo de excitação.
Capturo cada gota dos seus fluidos e inspiro cada fracção do seu aroma.
Cedo à tentação sem limitar o instinto.
Perdemos-mos no tempo dedicados ao pecado
Aproveito cada momento, em cada centímetro, a cada suspiro.
Seu corpo, repetidamente percorrido pelos meus dedos e língua rende-se ao prazer. A sua total entrega é denunciada pelos descontrolados e instintivos movimentos. Estar de olhos vendados não só lhe apurou os sentidos como a despiu de inibições, permitindo-me que a levasse mais longe.
Embora loucamente excitado apenas me concentrei no seu prazer, até à exaustão.
Deitada na cama sentia minha mão no nó do lenço que a venda.
- Não. Não tires já. Quero manter o sonho durante mais uns momentos. - Pediu docemente.

Sem responder deixei-me estar imóvel, deliciado, a olhar indiscriminadamente para as suas despidas formas e seus olhos eroticamente vendados com o seu lenço.
Aos poucos o seu corpo relaxava e arrefecia.
Cobri-a com uma suave manta e retirei-me.
Pouco tempo passado aparece na sala, totalmente recomposta, com o seu lenço no pescoço perfeitamente atado.
Sentou-se a meu lado, deu-me um lento beijo na bochecha, olhou-me nos olhos e levantou-se.
- Tenho de ir. Adorei - Suavemente afirmou.

Abriu a porta, virou-se para trás, passou provocatoriamente os dedos pelo lenço e saiu sorridente. 

terça-feira, 29 de junho de 2021

Uma visita cordial

 


Já os tinha mencionado no passado. Seus amigos de longa data: um casal experiente, culto, que vivera as emoções dos anos 70 na sua plenitude. Um casal sem preconceitos mas, sobretudo, um casal simpático. 

- Falei de ti à minha amiga Aurora. - Confessou-me Maria sorridente.

- A que propósito? - Curioso por ter sido efemeramente o foco da atenção.

- Surgiu o tema no meio de conversa e pareceu-me apropriado. - Fiz mal?

- Claro que não. Tens sempre carta branca comigo. Mas que tema? - Inquiri desconfiado.

- Nada de especial. Gostava de lá ir passar um bocadinho com eles e levar-te comigo. - Aparentando não querer contar tudo.

- Comigo?!

- Sim contigo. Vês mais alguém aqui? Pode ser interessante.

- Está bem... - Hesitante aceitei.

- Vais gostar deles. São um casal muito interessante. - Assegurou Maria.

- Certamente que sim. Mas porque tiveste essa ideia? - Tentando descobrir mais.

- Na conversa lembrei-me. Porque? Não te apetece?

- Conversa de quê? - Tentando novamente levantar a ponta do véu.

- Conversa de mulheres. Não sejas cusco. Então? Vens?

- Foi inesperado. Não sabia... 

- Estou a ver que tenho de usar um lenço para ires comigo. - Provocou deliberadamente.

- Tenho todo o gosto em ir contigo. Vais mesmo usar? - Disparei no mesmo instante.

- Logo de vê. Pode ser amanhã?

- Pode. Se eu não soubesse ficava a pensar que já estava combinado.

- Há muitas coisas que não sabes... - Afirmou misteriosa.

- Se tu o dizes...

- Fica combinado eu vou buscar-te à tarde.

- Está bem 

No dia seguinte aguardei que Maria me viesse buscar. Usava um sensualíssimo lenço no pescoço atado de lado, como as assistentes de bordo frequentemente usam. Não era comum nela usar assim. Parecia deliberadamente provocador. Sabia muito bem como me deixa quando usa os seus lenços e quando me faz perceber que a intenção é mesmo subtilmente provocar.

É deliciosamente perversa e seduz-me infalivelmente com muita classe.

A viagem foi curta mas não consegui deixar de espreitar o seu sensual pescoço.

- Para onde olhas? - Inquiriu tentando um ar sério.

- Nada de especial. - Tentando escapar.

- Eu sei muito bem para onde olhas. Não resistes a ver-me de lenço.

- Sabes que não. - Confessei muito baixinho.

- Estamos a chegar. É neste prédio - Avisou ao estacionar.

Um prédio antigo, com elevador de grades que usamos para subir ao terceiro andar.

Um suave arrepio de ansiedade rapidamente percorre meu corpo ao sair do elevador. Dirigimos-mos a uma porta já aberta.

- Olá Aurora. Este é o meu amigo Mário. - Apresentando-nos de imediacto.

- É um prazer Mário, bem vindo. Entrem.

- O prazer é meu - Cumprimentei algo trémulo e surpreso. 

Não queria dizer "prazer" quando uma mulher está de sensual lenço mas, repentinamente, nada mais me surgia. Não queria ficar sem palavras e dar uma má impressão. 

Aurora usava um inesperado de lenço colorido na cabeça atado de forma clássica sob o queixo. Transbordava sensualidade mesmo já não sendo jovem. Havia, aqui, qualquer coisa que certamente não seria obra do acaso.

Oferecia um suave sorriso e uma agradável presença. E aquele lenço prendia meu olhar, que tentava manter discreto para não denunciar o meu segredo que desconfiava estar mal guardado.

Era um cenário muito suspeito, agravado pelo perverso sorriso que Maria trazia estampado no rosto.

Dirigimos-mos à sala onde Luis, que estava sentado no sofá, se levantou para me cumprimentar.

- Boa tarde. Sou o Luis. Sente-se. Fique à vontade.

- Muito gosto. Mário. Muito obrigado. 

Sentado cada pausa parecia-me uma eternidade. Sentia seis olhos apontados a mim, sem saber se era sugestão pela situação ou facto.

Uma sala com decoração clássica, com alguns moveis antigos. De um lado uma mesa com quatro cadeiras e do outro dois sofás colocados perpendiculares e uma mesinha de centro com  revistas no topo.

Maria e Aurora sentadas nas extremidades mais próximas dos sofás e, tanto eu como o Luis, sentados nas extremidades mais distantes, respectivamente.

Tentava controlar o incontrolável: a colocação das mãos, a posição do corpo, as pernas, a respiração. Tudo de tal forma que aparentava ser um manequim de loja. 

Pontualmente Aurora puxava as pontas do lenço da cabeça e Maria também o fazia ao seu no pescoço.

Algo se passava e não podia evitar. Ao fim de pouco tempo, de conversa mais circunstancial para quebrar o gelo, Maria comenta sem hesitar:

- Estás muito elegante de lenço assim na cabeça, Aurora.

- Obrigada. Também gosto muito do teu no pescoço.

- Foi uma grande coincidência as duas de lenço.

- Foi, não foi? - Soando a ironia.

Sentia-me vigiado pelo canto do olho de Luis. Era muito intimidante sentir o erotismo destas duas mulheres contrastando com a séria presença de um homem. Obviamente que aquela conversa se tornara demasiado suspeita para ser inocente. Maria ficava cada vez mais sensual, quanto mais me custava manter o controlo e postura.

- Acho que está um pouco quente para ficar de lenço na cabeça dentro de casa. - Comentou Aurora, desatando o lenço e retirando-o da cabeça.

- É verdade. Ficava-te bem. Eu deixo o meu mais um bocadinho. Está confortável. O que achas? - Virando-se súbita e propositadamente para mim.

- Eu... Sim... Acho... - Sem conseguir expressar qualquer comentário racional.

- O Mário é pessoa de poucas palavras ou apenas tímido? - Perguntou Aurora enquanto, sobre o colo, dobrava em fita o seu lenço da cabeça.

- Não... Ou seja... Estava apenas a ouvir. - Continuando sem nexo algum.

- Posso ver como ficou? - Pedia Maria enquanto pegava no Lenço de Aurora.

- Claro, minha querida. Como se fosse teu.

- Mário ainda não foste bem apresentado. - Afirmou Maria segurando a minha mão com a sua esquerda e o lenço com a sua mão direita.

- Como?! - Questionando confuso, perdido, excitado...

Maria levanta-se do sofá fazendo com que me levantasse também. Luis, no seu observador silêncio, afastou discretamente a mesa de centro onde Maria me posicionou. Aurora olhava com intensidade para os acontecimentos.

- Relaxa. Estás entre amigos. - Assegurou Maria.

Nada me deixa mais ansioso que me dizerem para relaxar. Principalmente nesta invulgar e perversa situação.

O sorriso da Maria denuncia-a. O lenço nas mãos que está a ser esticado, em forma de fita, aproxima-se perigosamente dos meus olhos. Lentamente venda-me com firmeza. Os meus reflexos bloqueados, o meu corpo congelado e os meus lábios selados pelo choque de estar a ser tão eroticamente vendado à frente de quase estranhos deixa-me sem reação.

- Pronto não custou nada. - Docemente sussurrou Maria.

Colocou-se atras das minhas contas e, sobre os ombros, colocou as suas mãos brevemente massajando em forma de carícia. Ao me sentir um pouco menos tenso, a partir da cintura, de baixo para cima, levantou o meu polo, revelando aos poucos, todo o meu tronco. Calmamente retirou-o e pousou-o.

O lenço que me vendava não só me deixava no escuro como, sem reacção, me fazia render completamente ao seu poder.

Sempre no mesmo ritmo sinto que estou a ser descalçado, sapato após sapato e, após uma breve e silenciosa pausa o botão das caças é solto, o fecho desce, lentamente as minhas calças são puxadas para baixo e retiradas com muito jeito.

Não sei até onde vai mas não parece ficar por aqui e, logo a seguir, o elástico dos boxes é puxado para baixo. Também lentamente, também até ao fim. Um quente e poderoso arrepio atravessa todo o corpo.

Tudo ficou visível e a minha indisfarçável dureza não tinha por onde se esconder.

 - Ai, seu maroto. Como estás atrevido... - Provocou novamente Maria

Vendado, despido e denunciado à frente dos anfitriões, resta-me a imobilidade. Após um momento de silêncio Maria novamente avança:

- Apresento-vos, agora, em todo o seu esplendor, o meu amigo Mário.

Subitamente as mãos de Maria começam a percorrer o meu corpo de cima a baixo. a partir dos ombros, pelas costas até às nádegas. Logo de seguida do peito descem para onde a imaginação não deixa de contemplar. Mas não estou certo serem as mãos de Maria parecem outras, neste estado não tenho a certeza. Sou explorado longa e cuidadosamente. Por duas, por quatro e não sei se assustadoramente por seis mãos.

Toda a minha intimidade é analisada, testada e até provada repetidamente. 

Em pé, submisso, contorço-me quando sinto que posso estar prestes a explodir. Tudo abranda momentaneamente e retoma novamente a acção.

Aquelas mãos que se apoderaram de mim não dão tréguas levando-me perto da loucura.

De um momento para outro apenas duas mãos ficam a acariciar toda a minha dureza. Tão imoral como carinhosamente. Pontualmente ouço estalido de louça ou talheres mas é impossível concentrar e perceber o que se passa enquanto estou neste estado.

Passada a tempestade voltou a acalmia. A minha roupa é calmamente reposta. 

Sinto alguém por trás de mim a desatar suavemente o lenço que me venda. Estou virado para a mesa onde Aurora e Luis sentados esperam com toda a naturalidade para lançar como nada de extraordinário tivesse acontecido.

Maria por trás de mim, já sem o lenço no pescoço e tendo feito desaparecer o lenço de Aurora, simplesmente me leva para lanchar. Não há vestígios nem testemunhos do que se passou. 

Os quatro sentados lanchamos em cordial conversa até a hora de ir.

- Voltem sempre despediu-se Aurora agitando o seu lenço na mão... 


QT