Quadrado Textil

Quadrado Textil
Lenço (latin linteum, -i, pano de linho) s.m. Peça de roupa, que consiste num pedaço de tecido, quadrado, com que se abriga o pescoço ou a cabeça.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Intenção e Culpa

 

Cansada de não ser desejada, de não sentir nada que a leve mais longe, de não ter a adrenalina de quem quebra as regras e de não ter mais que uma enfadonha rotina. Era assim que se confessava a minha doce e grande amiga Lúcia que ia sobrevivendo a um casamento que já nada tinha para dar. Ignorada por um marido que, só muito pontualmente, cumpre as suas "obrigações matrimoniais", sem qualquer interesse e apenas como dever. Rápido e eficaz.
Por vezes porque ela pediu outras porque ele apenas precisa descarregar os testículos, embora com carinho e com absoluto respeito. Demasiado respeito. Invariavelmente sem duração, sem paixão, sem perversão, sem intenção, sem culpa...

Passaram os anos, agravava a carência. Passou de desculpável e, mais tarde, tolerável,  até se tornar perturbador. 

O divórcio foi a natural consequência de um casamento que em tudo arrefeceu.

A primeira vez que se abriu comigo foi depois de um jantar, com algum desinibidor excesso de álcool. No meio de animada conversa sobre prazeres da vida ironicamente deixou escapar que: "há quem queira muito e nada tenha"
Mantivemos sempre uma íntima amizade, falando-nos frequentemente sem constrangimentos. O tema surgia abertamente, em alturas de maior fragilidade,  embora com algum lamento.

Num sábado, de manhã, encontramo-nos na marina, pouco depois do nascer do sol, a convite de amigos comuns, para um dia no veleiro deles.  
Todos os anos acontecia este encontro. Embarcação grande, com mais de 15 metros de convés, partilhados por 10 pessoas. É sempre fantástica a navegação costeira, por entre ancoragens em praias inacessíveis por terra e um salutar convívio. Também é bom ter amigos assim.  ...e oportunamente ricos.

Sempre tive facilidade em navegar á vela. Por isto os ajudava muito a bordo com a manobra. 

Lúcia não estava indiferente. Gostava de ver e de navegar. Pontualmente perguntava-me sobre como fazer alguma coisa. E cheguei a lhe ensinar alguns nós. 
Numa simples brincadeira ato-lhe os pulsos para a testar.

- Tens jeito. - Verificando a eficácia.
- E dá jeito. - Devolvi segurando-lhe as mãos em cima.
- Assim fico mesmo presa. - Comentou baixinho, gemendo e contorcendo-se muito discretamente.
- Eu salvo-te. - Desatando-a rapidamente

Houve um subtil momento em que Lúcia pareceu diferente. Uma inusitada entrega. Qualquer coisa no seu corpo que, inocentemente, ainda me escapava.

Já depois do sol posto atracávamos, de volta à marina. 

Naturalmente cansada veio ter comigo.

- Estou um bocadinho cansada. Achas que me podias levar a casa? - Timidamente perguntou
- Claro que sim. Sabes que tenho todo o gosto. - Respondi sem hesitar
- É um grande favor que me fazes. 
- Não favor nenhum. Sabes muito bem que comigo não há absolutamente nada que não possas pedir. Somos tão próximos há uma eternidade. - Afirmei muito convicto.
- Pois somos. Obrigada mesmo assim... - Fazendo uma inusitada pausa como se tivesse ficado algo por dizer.

Sós no carro, a caminho da sua casa, a conversa aprofundava-se como frequentemente acontecia.

- E como tens passado? Já lá vai mais de um ano. - Discretamente referindo ao seu divórcio
- Não me perturba. Foram tantos anos inócuos que a única coisa que mudou é que as compras no supermercado são menos.  O mais emocionante que me aconteceu com ele, nesses últimos anos, era ir a um restaurante e comer um prato com excesso de picante. - No seu estilo mais sarcástico.

- O que te falta é picante. Vou te oferecer um Tabasco. - Não resisti à leve piadinha
- Tonto! - Protestou sorridente.
- Ou melhor: um cato. Picos não faltam! - Ironicamente insisti.
- Chato. - Dando uma palmada no meu ombro.
- Então que te faz falta? - Provoquei.
- O que me faz falta é intensidade e culpa. Faz falta que me façam tudo sem eu ter de suplicar. Faz-me falta ser possuída sem dó nem piedade, sem poder resistir nem opinar. - Num inesperado tom sério.
- Só se fores bem amarrada. - Sarcasticamente respondi.
- Quero. Quero ver o que valem os teus nós. Com lenços - Respondeu de imediato, séria, olhando-me nos olhos sem nada mais dizer.

Mudo fiquei, desviando o olhar para a estrada que era onde devia estar de qualquer modo. 
Fora apanhado completamente desprevenido.
Fiquei sem escolha. Era incontestável. Fui imediatamente possuído pela vontade de lhe colocar lenços sem limites, impossibilitando-me de ser prudente.

Chegamos logo de seguida sem que antes conseguisse falar.
- Tens a certeza que queres? - Inquiri em esforço e confuso.
- Tenho. Mas não quero falar mais nada. Não quero pedir. Disso estou farta. Quero que aconteça. Vais para casa e mandas-me um SMS com tudo o que precisas e como precisas e vens aqui ter comigo amanhã de manhã. 

Regressei a casa, atordoado, apenas com a perversa ideia na mente, que já fervia. Ela fora muito clara e conhecia a minha fraqueza. Sabia que não resistiria. Agora fica a questão de como fazer.

Procurei ser direto e escrevi apenas três frases:

Preciso dos lenços.
Vestes apenas cuecas, um lenço atado sobre o peito em forma de top e colocas o robe por cima.
Chego às 10:00.

Nada de importante acontecera entre nós no passado. Subitamente, queimando muitas etapas, temos estes planos muito ambiciosos. Provavelmente demais. Lúcia estaria claramente à beira da explosão causada por todo o tempo de carência.

Rigorosamente cronometrado às 10:00 toco à sua campainha. Leva longos segundos para abrir a porta. Cada tranca que se ouve soltar, nas quatro voltas que lentamente a chave dá, parece que leva uma eternidade. Em contraste a porta abre rapidamente e fecha logo após a minha entrada. 

Frente a frente, em absoluto silêncio, faz um muito discreto movimento de "sim" com a cabeça, fechando e abrindo os olhos lentamente, indicando a sua entrega.

O seu robe de fino cetim rosa escuro, com o cinto mal atado, apenas com um largo nó, consentia um inocente vislumbre das suas cuecas pérola, de renda e do acetinado lenço grande, dobrado em triângulo, colocado sobre o peito, com nó atrás das costas, em forma de top. 
Tudo rigorosamente como combinado obrigava-me a cumprir a minha parte.

Cuidadosamente, com os dedos indicadores sobre a sua cintura, solto o laço nó do robe suavemente retirando o acetinado cinto e colocando sobre o meu ombro.
Abre-se o robe expondo-a um pouco mais. 
Novamente com os dois dedos indicadores sobre os seus ombros, junto ao pescoço, empurro o robe para as costas, fazendo-o cair desamparado sobre seus pés. 
Mantendo silêncio contemplo-a com descaramento e desejo. Surpreendentemente não é constrangedor. É quase natural.

Seguro a sua mão esquerda e pausadamente junto a direita. Pego no cinto do robe e ato uma à outra com firmeza. Tomei posse.
Levo-a para o quarto deixando o robe esquecido no chão.

Tudo estava milimetricamente preparado. Lúcia sabia o que fazia. Na mesa de cabeceira estava um conjunto de variados lenços, uma garrafa de água e uma discreta caixinha com preservativos. A cama apenas com o lençol de baixo bem esticado para que não haja nenhum impedimento.

Sento-a na sua antiga cama de grades. Calmamente empurro-a para o centro. Tenho muito tempo e uso todos os momentos. Sirvo-me das pontas soltas do suave cinto, que lhe prende as mãos, para, sobre a sua cabeça, a atar à cabeceira. 
Está confinada à cama e ao meu desejo.

Sempre devagar, é hora de escolher os lenços. Abro-os um a um, lentamente, selecionando os que melhor vão servir o perverso propósito. Não é inocente. Quero lhe criar desejo e expectativa. Sabe que não pode fugir ao seu destino.
Escolho dois lenços compridos que coloco junto aos seus pés. Mais meticulosamente procuro dois lenços quadrados. Um maior, de escuro fundo preto, acetinado e outro, menor, de fundo branco, de algodão. Dobro o preto em triângulo e, em seguida, multiplico as dobras até ficar numa fita. Repito com o branco de forma que veja e imagine o que vou fazer com os dois.
Pego novamente no lenço preto e aproximo lenta e ameaçadoramente dos seus olhos. Ato cuidadosamente para a deixar completamente no escuro. O lenço branco coloco pendurado sobre a grade da cabeceira.

Contemplo novamente em silêncio enquanto me aproximo dos seus pés. Pego num dos lenços e firmemente ato-o ao canto da cama. Faço outra pausa e repito com o seu outro pé.

- Aiiiii... - Suspira longamente.
- Agora és minha. - Colocando a minha mão pesadamente sobre a sua boca, silenciando-a em provocação. 

Faz pouca resistência. Sabe que é irrelevante.

Pego no lenço branco de algodão da cabeceira, já em fita e ato-o á volta da sua boca, entre os dentes, condenando-a a um submisso silêncio. 

Está totalmente indefesa. Sabe que posso impunemente e sem contestação fazer dela meu objecto de prazer. 

Lentamente enfio as mãos por baixo das suas costas. Com minucia procuro o nó que segura o lenço que lhe cobre o peito. Aos poucos folgo esse nó até ficar completamente solto. Puxo o lenço pela ponta de baixo, escorrendo a sua leveza sobre seu corpo, por entre as suas penas afastadas e expostas.

As minhas mãos descem a seus pés. Fazendo uma forte pressão nas suas pernas, com os polegares pelo interior, percorro-as até às virilhas. Agarro as suas gentis cuecas e rasgo-as para as tirar. 

Contemplo impunemente para todo o seu corpo. Tenho todo o tempo a meu favor e uso-o largamente. Adoro as pequenas torções de denunciam o seu desejo. 

- Já te devia ter despido antes. Não sabia que eras assim tão deliciosa. - Sussurrei ao seu ouvido a arder de desejo.

A ironia que quem, assim indefesa, nada pode fazer, nada pode exigir, pedir ou sequer contrariar e tudo terá, mais que espera, até ao limite da sua resistência.

- Vou ter devorar até ao último ossinho. - Provoco intencionalmente.

Seu corpo contrai-se inocentemente num misto de adrenalina e desejo.

O quarto perfumado pelo seu suave aroma a gel de banho e a sua submissão aos lenços multiplica o meu desejo.

Percorria, com as pontas dos meus dedos, todo o seu corpo, de cima a baixo, lenta e repetidamente, sem tocar na sua intimidade mas passando numa imoral tangente. Sentia a sua suave textura enquanto cheirava a sua doce pele.
Por cada volta os dedos tornavam-se mais intrusivos, mais se aproximavam da sua intimidade, mais a faziam contorcer.
Era inevitável procurar o seu sabor mordiscando os mamilos, alternadamente, com os lábios. As suas lisinhas axilas, tão expostas, eram vítimas do desejo da minha língua em saboreá-las e que, depois de liberta, cada vez mais se aventurava nas profundezas do seu corpo.

A vontade de a possuir era, agora, incontrolável. Ambos sentíamos e sabíamos que estava atingido o ponto sem retorno. Docemente descia a minha atrevida língua. Percorreu todo o contorno do seu rijo peito, descendo por entre o seu vale, em atrevidas curvas até ao umbigo. Explorou-o até bem ao fundo, repetidamente, até que desceu até à porta do prazer, escancarada e indefesa. Cerco, com os meus lábios o seu clitóris, que permanece encarcerado enquanto acariciado pela ponta da língua, de cima a baixo, vezes sem conta, sugado como se fosse fatal e mordiscado com leveza, fazendo com que Lúcia se perca descontrolada.

O meu agigantado desejo leva-me a procurar o seu sabor a mulher, a sua humidade e o seu prazer. Mergulho no seu fundo, cheirando-a e saboreando-a avidamente. A língua entra e sai da sua intimidade incessantemente, como e quando quer, independentemente de como Lúcia se contorce descontrolada.

Todo o corpo de Lúcia respondia com a vontade própria de quem ansiava por esta atenção. Precisava ter cuidado porque navegava no vértice do seu limite de explosão e não o quero, para já.

Atento ao pico do seu prazer, que não lhe consinto atingir, faço pontuais pausas. Fico a observar o seu corpo a retorcer-se para concretizar o desejo, as suas ancas sobem e descem, repetidamente, apenas limitadas pelas pernas atadas. Geme, abafada pelos lenços que a silenciam, suplicando que não pare. Sob o meu controle era propositadamente ignorada.

Está indefesa, submissa e sem direito a escolha. Sujeita à minha vontade, tanto na terra como no céu que está tão próximo.

Mal demonstra um momento de abrandamento é atacada pela imoral língua, que não lhe consente descanso, entrando na sua intimidade. Volto a saborear a sua humidade, a trucidar o seu exposto clitóris, a assumir intencionalmente todo o seu prazer.

Desta não haverá pausas, num renovado sobe e desce da minha língua, que não lhe permite um momento de paz. Invadida perversamente, sem controlo do seu movimento nem do seu corpo, liquefaz-se longamente. Todo o corpo consumido pelo prazer e pelo esforço exigido, aos poucos pede paragem. Esgotada tenta expressar, sem conseguir fazer se ouvir, declarar que já lá chegou, que se rende e precisa repouso.
A fugaz energia que lhe resta só serve para se contorcer e gemer.

- Já chegaste ao fim, meu doce? - Pergunto-lhe ironicamente.
- Hummm. - Tenta confirmar abafada pelos lenços que a amordaçam.
- É apenas o início - Perversamente provoco.
- Hummm, hummm, hummm. - Abanando a cabeça tentando contrariar.  

Sem aviso e sem que pudesse ver ou prever envolvo seu indefeso clitóris nos meus lábios. Acaricio suave e repetidamente com a língua até a sentir novamente no estado de loucura. 
Não leva muito tempo a se perder.
Não há concessões, não há limite. Mesmo ao ligeiro toque encharca-se de prazer. Perdeu o controlo e continua cativa, sujeita ao intenso desejo, do qual assumi toda a culpa. 
Saboreando-a repetidamente, libertando sobre ela a minha língua exploradora, torce-se e retorce-se limitada pelas pulsos e tornozelos atados, virando a cabeça para um lado e para o outro sem padrão. 
Nada mais pode fazer a não ser perder-se em novos orgasmos, durante a longa manhã que só termina quando eu decidir.   

De rastos, mal se apercebe que vou, aos poucos, um a um, libertando cada membro, até que finalmente desato o lenço da sua boca, permitindo uma ofegante e recuperadora respiração. 
Coloco-me sobre ela e muito lentamente invado-a até ao seu encharcado e dilatado fundo. Com os braços e pernas abraça-me puxando-me para dentro até me derramar. Há muito no meu limite passou apenas um momento até jorrar.
 
Após minutos imóvel dentro dela, saí suavemente, rolei para o lado, desatei o último lenço que lhe cobria os olhos e puxei os lençóis para nos proteger. 
Sem pressa deixei-a adormecer, ficando a disfrutar da sua serena expressão até adormecer também.

Acordo, mais tarde, sem a sua companhia. Já tinha saído deixando-me só no quarto.
Não percebo o que se passa. Será que não foi o que me pareceu?
Na cabeceira estava um bilhete:

"Não sabia que isto ainda era possível!"

Lentamente desloco-me à cozinha. Lá estava Lúcia de lenço em top, a preparar um snack.

- É tarde. Comes comigo. - Convidou em forma de ordem.
- Sim. Teria todo o gosto. - Prontamente aceitei.
- Acho que até mereces... - Com um maroto sorriso.
 

QT  
 





 




  






 
  



 










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