Quadrado Textil

Quadrado Textil
Lenço (latin linteum, -i, pano de linho) s.m. Peça de roupa, que consiste num pedaço de tecido, quadrado, com que se abriga o pescoço ou a cabeça.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Equipa das Jogadoras

Após muito esforço para conseguir a bolsa de estudo, voava, finalmente, para uma pitoresca cidade isolada, num vale dos EUA, de clima agreste, onde pouco mais havia que uma universidade.
Nem sei porque existia mas faziam intercâmbio de estudantes em ciências sociais e foi o suficiente para mim. Mais que tudo queria viajar.
O curso era frequentado quase exclusivamente por alunas e o único desporto universitário disponível era futebol ou soccer, como lhe chamavam.
Precisava de praticar desporto e gostava de futebol. Um pequeno detalhe poderia complicar a minha vontade: a equipa era feminina.
Numa sexta-feira, que quase me parecia 13, com o céu atulhado de nuvens cinzentas, dirigi-me ao pequeno gabinete, anexo aos balneários, com muita antecedência à hora do treino.
Lá estava Lisa, a capitã e gestora da equipa, jogadora experiente, sentada atrás do seu portátil, compenetrada no seu trabalho, numa apertada mesa circular, com uma prateleira de troféus a decorar a parede . Enquanto esperava que me concedesse a sua atenção reparava nas dezenas de fotos da equipa. Muitas usavam lenços pequenos, de algodão, dobrados em fita, a segurar o cabelo. Com atenção até descobri lenços atados estilo pirata e camponesa. Foi uma espera mais que encantadora.
Finalmente, levantou os olhos e inquiriu sobre o que eu ali fazia.
- Bom dia. Posso ajudar?
- Bom dia. Gostava de saber se é possível treinar convosco?
- Connosco?!
- Sim. É a única equipa nesta universidade, não é?
- Mas sabes que é uma equipa feminina?
- Sei. Só pretendo treinar. Até posso ajudar a fazer número.
- De facto! - disse pensativa.
- Posso vir treinar, então?
- OK. Temos um só balneário. Chegas mais cedo, equipas-te depressa e sais antes delas entrarem. No final esperas fora que se vistam e só depois é que tu te vestes. Se estiveres de acordo vens segunda.
- Está combinado - retorqui confiante.

Finalmente voltava a fazer desporto e, como claramente indicado, cheguei cedo, equipei-me e saí rapidamente para que as jogadoras se equipassem sem constrangimentos.
Uma chuva miudinha não era suficiente para me quebrar enquanto esperava completamente desprotegido, no exterior dos balneários. Nada arrefecia a vontade de treinar.
A espera valeu a pena. Embora um homem, no meio de um treino feminino, tivesse causado alguma surpresa, fui bem recebido. Um excelente e puxado treino e secretamente seduzido pelas jogadoras que usavam oportunamente lenços a dominar seus cabelos.

Treino após treino, Lisa e as jogadoras ganhavam confiança comigo e, passadas semanas, já estava completamente integrado, tanto no treino como socialmente.
Estava deliciado com a experiência de treinar com esta simpática e descomplexada equipa feminina. Para além do desporto, quase todas elas alguma vez usaram lenço no treino e muitas voltavam a usar como acessório, habituadas à sua versatilidade. Que mais podia querer?...

Num dia com nuvens assustadoramente carregadas, estava prevista uma intensa chuva que ainda não chegara, até que, perto do final do treino o céu desabou sobre nós. Eu e todas as jogadoras corremos para abrigo mas, como era habitual, fiquei de fora, em pé e desprotegido da chuva. Era um dilúvio bíblico. Parecia que os chuveiros do balneário estariam ligados do lado de fora. Foi nesse preciso momento que, embora a chuva fosse ruidosa, me apercebi que não se ouvia quaisquer chuveiros ligados. Apenas um intenso debate. Subitamente a porta abre, o meu braço é agarrado, sou puxado instantaneamente para dentro e a minha toalha atirada na minha direcção. Pairava uma curiosa sensação de mistério, até que Lisa avançou clarificando no seu estilo habitual.
- Antes de mais enxuga-te que não vais para os duches connosco. - Avisou com clareza..
- OK. - balbuciei a tentar perceber o que se passava enquanto me enxugava.
- Fizemos uma reunião breve e decidimos que não te podíamos deixar na tempestade sem abrigo. Ficas aqui sentado enquanto tomamos banho.  - dando sinal para Rita, a defesa direita, que trazia entre os dedos, um lenço muito bem dobrado em fita.
- Vira-te - disse-me Rita

Atou com firmeza o lenço sobre os meus olhos e avisou suavemente:
- Se espreitares ou mesmo apenas tentares espreitar terás de voltar lá para fora.
- Não te preocupes. Obrigado por me salvarem. - tentando usar algum humor para esconder o meu estado.
- Quando terminarmos todas a ultima a sair baterá três vezes na porta para indicar que podes tirar a venda.
Estava seduzido. Vendado com aquele suave lenço tinha de me controlar. Elas pareciam divertidas. Era algo perverso tomarem duche com um homem vendado ali próximo.
Três toques...
Desatei a venda e pendurei o lenço num cabide. Tomei duche vesti-me e saí para casa.
No treino seguinte, novamente um dia chuvoso sem pausas, ao sair para o campo após de equipar Lisa interceptou-me.
- Podes esperar aqui e vamos todos juntos.

Pegou, quase maliciosamente, no lenço e, de frente, practicamente encostada, atou sobre os meus olhos. Estávamos sós mas as outras jogadoras chegariam a qualquer momento. Subitamente aquele ambiente tornou-se muito intenso, interrompido pelo abrir da porta pelas primeiras a chegar.
- Já o vendaste novamente Lisa?
- Ficou desde o último treino assim?
- Coitadito...
- Fica assim e saímos todos juntos para o treino. - Afirmou Lisa convicta.
- Ele porta-se bem - comentavam enquanto eu já suava frio.

O que começou com a chuva passou a ser regra, mesmo em dias bons. Todos os treinos equipava-me, esperava vendado, no final novamente esperava vendado e vestia-me após os três toques. Aparentemente - penso sem ter a certeza - algo as divertia em atar um lenço sobre meus olhos. Cada dia era uma diferente a fazê-lo. Seria combinado?
Este momento ficava cada vez mais suave e, ao mesmo tempo, mais intenso. Já começava a ser óbvio que eu não ficava nada indiferente. 
Lisa, que por essa altura já tinha quebrado o gelo e até sorria sempre que brincava com ela, desconfiava de algo que só poderia ser descoberto por quem tivesse o seu refinado sentido de observação. Percebera que havia qualquer coisa para além da venda. 
Numa noite de sexta, que também não era 13, o jantar de convívio da equipa fora num reservado restaurante para a recatada sala dos fundos.   
Após a sobremesa Lisa chamou Sandra e Rita - as que usavam lenços nesse dia - e sentou-te ao meu lado. Lisa de lenço azul, estampado com um pequeno padrão, no pescoço, atado ao lado, Sandra de lenço preto, também atado no pescoço mas de nó atado atrás, estilo coleira, e Rita de lenço vermelho, pontuado de branco, em fita, atada no cabelo, com nó em acima da cabeça, estilo vintage. 
- Estamos giras? - disparou a pergunta com secreto segundo sentido.
- Claro que estão. - respondi sem perder a postura.
- Estas a ver qual de nós vai te vendar com o lenço? - ironizou Sandra.
- Nem aqui tem sossego! - comentou risonha Rita, de saída para o seu lugar.

Um tangente e malicioso olhar de Lisa deixava perceber que sabia mais que devia... 
Após o treino seguinte, foi Lisa que especialmente me vendou durante os duches. Conforme protocolo desatei o lenço após os três toques na porta após a saída de todas as jogadores. 
A água ainda escorria pelo meu corpo, quando Lisa bate à porta. Enrolei-a toalha na cintura e abri a porta que Lisa fechou rapidamente após entrar.
- Esqueci-me de algo. - justificou 
- Algo? - respondi desconfiado
- Sim. E vou ter de voltar a vendar-te.

Colocou a mão no lenço que usava no pescoço e, após desatar muito lentamente, segurou-o de frente a mim, que já estava sentado, avançando sobre o meu corpo, com as pernas contornando as minhas, invadindo o meu espaço pessoal intencionalmente. O Lenço era cuidadosamente atado sobre os meus olhos na proximidade do seu corpo. Puxou subtilmente a toalha, deixando-me sem forma de esconder o desejo. Desejo que surgia frequentemente... todos os dias... várias vezes por dia...
- Há qualquer coisa nos lenços que te deixam fora de ti. Não é apenas o estares vendado. Tenho te observado. Apesar de tentares disfarçar eu percebi que havia qualquer coisa mais especial. Vias ter de me contar. A forma como reparas nas jogadores de lenço no cabelo, nos treinos, ou como discretamente olhavas as que usaram lenço no último jantar. Ficas derretido ao ver uma mulher de lenço, não é?
- Fico...
- E porque ficas?
- Seduz-me.
- Seduz-te de que forma?
- Leva-me ao descontrolo.
- Estou a descontrolar-te?
- Sim...
- E a seduzir-te?
- Sim...
- Contas a alguém o que se passa quando estás assim como agora?
- Nunca. É meu segredo íntimo. Tu também não podes contar.
- Claro que não. E se eu ter percorrer o corpo assim com as mãos contas? - perguntou apertando do meu peitoral para os abdominais
- Nunca...
- E se eu te morder o pescoço?
- Nunca...
- E se eu estiver também a perder o controlo?
- Hummmmm......
- É bom estar assim vendado?
- Do outro mundo... Experimenta. Queres?

Lisa levantou-se subitamente, sem nada dizer. Ouvi a chave da porta a rodar. Voltou rapidamente e desatou o lenço dos meus olhos entregando-o nas minhas mãos.
Por trás aproximei o lenço dos seus olhos e mantive-o a escassos centímetros para que sentisse a antecipação e desejo. Encostei-o levemente, contornei a sua cabeça com as pontas e atei, com um nó seguro, ajustando lentamente, até ficar firme. Coloquei as mãos nas suas ancas e rodei-a 180 graus até estar de frente para mim. O silêncio seria profundo se não fosse a nossa respiração e uma gota que caia de um dos chuveiros, marcando um compasso qual temporizador musical. Aproveitei-me disto para intensificar a sensação. Gota caia, despertava um botão da sua blusa, caia mais uma, desapertava outro, caia, desapertava, caia, desapertava... Depois foi a saia, as meias, o soutien, cuecas sempre no compasso da gota.
Nestas alturas a resistência humana mostra os seus limites. Já não era possível provocar lentamente. Os instintos já tomaram conta das nossas posturas. Sem desatar, arranquei-lhe o lenço que a vendava atirando-o para os bancos. Repentinamente corremos a abrir os chuveiros, com se fosse coreografado, para disfarçar o silêncio que já era passado. Nem se percebeu se a água estaria quente ou fria. Os lábios procuraram-se avidamente, explorando-nos, com as mãos, mutua e intimamente, numa intensidade muito próxima do perigoso. Do compasso das gotas para um frenesim rítmico de fricções, batidas, gemidos e água a escorrer fora um instante. Pelo vapor que, agora, se tornava total, percebia-se que os chuveiros estariam ainda no quente. Correu tanta água criando uma indissolúvel névoa que mal permitia ver os dedos dos pés. Pouco a pouco sentia-se a energia a esgotar, o ritmo a baixar e ambos a acordar deste momento, até que, finalmente, paramos abraçados no meio do vapor cerrado que nos envolvia.
- É capaz de ser melhor desligarmos a água. - disse Lisa baixinho.
- É melhor. - respondi no mesmo tom.

Sentados, de toalha na mão, secando-nos o com as poucas forças que restavam voltamos ao silêncio apenas trocando olhares.
Sem dar por nada o tempo voara.
Nada seria o mesmo a partir daqui.
Como seria o próximo treino?
Como seriam os próximos dias?
Como seria o próximo encontro?

QT


















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