Havia combinado um jantar com um pequeno grupo de amigos na minha casa. Tudo fora planeado com cuidado e, mesmo sem grande necessidade, Anabela, uma dos convidados, oferecera-se para ajudar. Chegara a meio da tarde. Entre pôr a mesa, preparar umas entradas e arrumar melhor a sala pouco mais havia a fazer. Com o assado no forno ainda a cozinhar durante mais de uma hora acabamos sentados, frente a frente a queimar tempo até chegarem os demais convivas.
Tudo começou por reparar que estava, constantemente, a mexer nas suas pulseiras. Fazia um calor húmidoe as pulseiras não ajudavam. Anabela tirava-as e punha-as no pulso. Entrei na brincadeira das pulseiras escondendo-as numa das mãos. Tinha de adivinhar em que mão estaria. Passado pouco tempo tornava-se monótono e repetitivo.
Num momento de atrevimento atirei para o ar:
- E se tornássemos este jogo mais desafiante?
- Mas como é queres fazer?
- Procuras sem ver.
- Eu fecho os olhos.
- Mas assim podes espreitar. Como posso ter a certesa que não vês nada? - Arrisquei.
- Eu tenho um lenço na bolsa. Queres que vende os meus olhos? - Surpreendentemente sugeriu.
- Quero. Boa ideia! - Respondi instantaneamente, como se nunca tivesse pensado nisso…
Nunca imaginara que teria esta sorte embora, quando me encontrava num contexto oportuno, tentasse dar a subtil sugestão.
Anabela abriu a bolsa e, sempre segura de si, retirou um simples lenço branco. Dobrou-o numa fita estreita que, divertidamente, atou sobre os seus olhos.
- Estou pronta. Esconde a pulseira - Advertiu.
Enrolei a pulseira no polegar esquerdo só para dificultar um pouco.
Procurou, pelo tacto, a partir do pulso direito. Subiu primeiro até ao cotovelo, deslizando sobre a pele, escalou, da mesma forma, até à axila e desceu, em seguida, pelo braço esquerdo, até à mão, mais lentamente. Estava divertida com esta procura. Passou ao pulso esquerdo e, facilmente, encontrou a pulseira discretamente enrolada no polegar.
Desatou cuidadosamente o lenço e celebrou vitória.
- E agora mais difícil - Sugeri provocador.
- Continuamos? Que bom! Podes esconder - Alegremente aceitou enquanto sorridente voltava a atar o lenço sobre os seus olhos.
Escolhi a pulseira mais elástica. Discreta e silenciosamente consegui fazer subir do pé até ao joelho. A demora provocou alguma curiosidade e até ansiedade na Anabela.
- Deves estar a esconder bem - Afirmou expectante.
- Melhor que imaginas. - Lancei a provocação.
Por um momento ficou imóvel. Será que fui longe demais?
- Posso começar? - Subitamente perguntou
- Claro. Agora está mais difícil. - Em tom de desafio.
Voltou a percorrer meticulosamente os meus braços sentindo cada centímetro. A camisa atrapalhava e Anabela, sem complexos, desabotoou, um a um, descobrindo o meu tronco aos seus exploradores dedos. Ainda estava longe mas nada a faria desistir. Ajoelhou-se para recomeçar a partir do tornozelo. Era uma visão, incrivelmente erótica, que me levava à loucura. Anabela, naquela posição, privada de ver pelo alvo lenço que lhe cobria os olhos.
Como revista passou as mãos, com firmeza, pelas pernas até cuidadosamente encostar à virilha.
- Detectei qualquer coisa suspeita, pelo caminho, mas as calças não me deixam chegar lá. - Avisou, denunciando o que pretendia, ao desapertar a fivela do cinto.
Delicadamente, com as pontinhas dos dedos, desapertou o botão das calças com um especial cuidado, por o fazer às escuras.
Tirou-me os sapatos e as peúgas, baixou as minhas calças até caírem, deixando-me de boxers e camisa aberta. Finalmente encontrou a pulseira, sorrindo vitoriosa enquanto desatava o lenço dos olhos encontrando-me apenas de boxers.
E se fosses tu agora? - Desafiou sedutora.
- Eu? - Hesitei sabendo o risco que corria.
- Sim. Tu. - Afirmou desafiante com o lenço na mão pronto.
Embora não tivesse dado resposta o meu silêncio deu o consentimento de quem cala. O seu lenço escorreu sobre os meus olhos sendo firmemente atado. Demorou-se enquanto escolhia algum local escondido no seu corpo.
- Já podes - avisou desinibida.
Iniciei pelos pulsos. Um de cada vez. Eram os locais óbvios demais. Subi pelo braço.
- Assim não consegues - Provocou com segundas intenções.
A sua indicação era a clara autorização para ir mais longe. Com redobrados cuidados, por estar inibido de ver, procurei o seu pescoço que foi o farol que orientou a vertical descida até ao primeiro botão da blusa. Desapertei-o com precisão. Desci ao segundo botão, na mais crítica localização. Tudo fora demasiado rápido. Há minutos conversávamos descontraidamente e após a tresloucada ideia de um jogo provocador meus dedos preparam-se para atravessar a fronteira.
- Estás perdido? - Perguntou num tom morno ao se aperceber da minha hesitação.
Sem nada responder desaperto o botão que abre as portas dos seus seios.
Uma longa inspiração, mais intensa e sonora, desmascara o seu estado.
Sem ver o percurso resta-me seguir os botões. Com os dois indicadores abro ligeiramente a sua blusa encostando-os muito de leve aos seus firmes seios e desço ao seguinte botão meticulosamente, agora sem tocar em nada mas demasiado próximo de tudo. Novamente escuto a longa inspiração ao abrir o botão. Um a um a sua blusa é aberta com o cuidado e lentidão de quem pisa em gelo fino. O absoluto silêncio só é quebrado pelas suas profundas inspirações. Procurei minuciosamente a pulseira por dentro da blusa percorrendo repetidamente todo o seu interior com as pontas dos dedos. Apenas me restava um caminho. Teria de abrir o terrível fecho do soutien que é o meu pesadelo desde adolescente. Quanto maior é o desejo mais trancados parecem os ganchinhos. Sem ver e no estado em que me encontro será mais um dos trabalhos de hércules.
Contorno o seu tórax, pela frente, com uma mão por cada lado, suavemente, até que, quase num abraço fechado, detecto os abomináveis ganchinhos. Tenho de vencer esta barreira, sem ultrapassar o limite do confortável.
Não está nada fácil. Sentir a sua vincada respiração junto do meu pescoço dificulta a já débil concentração. Temo a sua impaciência pela minha demora embora aparente estar confortável.
Finalmente se solta o primeiro dos três. O segundo foi surpreendentemente mais simples. Falta apenas o terceiro. Estamos mais encostados, mais apertados, mais curiosos, no meio deste invulgar e provocante abraço.
O seu peito, no meu encostado, movimenta-se num enclausurado serpentear.
Finalmente o último ganchinho é vencido. Abro tímida e lentamente as tiras e, com a ponta dos mindinhos em simultâneo, num longo compasso, desencaixo o soutien do peito, ao passa-los por entre o arame de sustentação e a sua pele.
Cai o elástico na minha mão direita. Não o queria encontrar já. Não queria parar aquela busca no escuro. Mas fiquei a perceber que havia uma clara segunda intenção ao ter sido escondido naquele local.
- Não tires a venda ainda. - Docemente pediu.
Aguardei conforme pediu. Logo de seguida senti-a a desatar suavemente o lenço dos meus olhos. Ao abrir apercebi-me que tinha composto ligeiramente a sua blusa. Apenas dois botões foram suficientes para ficar bem arranjada.
Ficamos mudos durante algum tempo. Nenhum sabia que fazer em seguida. Nossos olhares cruzavam-se sem se fixarem. Faltava a coragem para confessar a imensa vontade de continuar o jogo. Sabíamos que o tempo corria contra nós. Em breve tocaria a campainha. Os nossos amigos comuns chegariam para o jantar. Eram apenas três mas seria mais que suficiente para nos limitar o um tempo que nós eramos incapazes de estimar. O risco era maior, a adrenalina também e a vontade irresistível.
Por entre este comprometido silêncio a sua mão, a que segurava o lenço, toca de leve a minha passando discretamente o lenço com se fosse ocasional. Prudentemente toco apenas na ponta e sinto o suave acetinado que discretamente aceito. Com uma falsa aparência calma aceito o lenço fixando os meu olhar no seu. Pouco a pouco ergo-o à altura dos seus olhos e vendo-a novamente mesmo sabendo que o tempo se esgota.
A sua inspiração volta a denunciar o seu estado de desejo enquanto fico quase sem respirar inundado de vontade.
Afasto-me um pouco. Quero tornar difícil de encontrar, quero olha-la assim vendada com o lenço e mais quero que procure todo o meu corpo numa longa exploração táctil.
- Está muito bem escondido. - Avisei num muito baixo sussurro.
Procurou, no mesmo instante a minha mão. Examinou dedo a dedo, subiu pelo braço esquerdo acima, como da primeira vez. Decidida fez do mesmo modo na direita. Retirou a minha camisa, já aberta, largando-a no chão. Seguia pelo pescoço, cabeça e ombros. Tudo muito bem examinado. Faz uma pausa pensativa pensando alto:
- Então está muito bem escondido!
Sem resposta avançou sem hesitar. Colocou uma mão na minha nuca e, após circundar todo o perímetro dos meus lábios introduziu, profundamente, dois dedos na minha boca e explorou rigorosamente todo o interior. Impedia-me de falar ao mesmo tempo que lhe dava uma contraditória sensação de domínio.
Lentamente iniciou a retirada dos dedos tendo, apenas por provocação, voltado a introduzi-los uns segundos mais. Como no jogo anterior explorou costas, tronco, abdómen...
Reiniciou a partir dos dedos dos pés sem esquecer um único milímetro por analisar. Pernas, joelhos, coxas e voltava a abrandar. Vendada, pensativa e parada em frente à zona mais crítica, aparentava estar num impasse.
Subitamente colocando as mãos nos meus joelhos, como referência, sobe-as decidida, pressionando sobre as coxas até atingir o tecido dos boxers. Segurou as extremidades inferiores com firmeza, inspirou à-vontade por nada ver e não invadir a minha privacidade puxou-os energicamente para baixo deixando-me despido num único movimento. Não fora o lenço atado sobre seus expressivos olhos também o meu estado seria descoberto. A pulseira só podia estar num local e Anabela estava decidida a descobrir. De frente para mim agarra fortemente as minhas nádegas, uma com cada mão. Com as pontas dos dedos, examina intensamente a uma profundidade que me deixa muito próximo do desconfortável. Nada descobriu restando apenas o lado oposto.
- O jogo só termina depois de encontrar a pulseira? - Inquiriu para se certificar que podia continuar a procura, desmascarando a sua inquietação.
- Só depois da pulseira. - Confirmei validando o seu livre trânsito.
De imediacto as suas mãos começaram a se afastar, contornando as ancas, uma por cada lado, lentamente progredindo justamente ao encontro das virilhas. Com as mãos paralelas, encostadas, com quatro dedos virados para cima e os polegares a acariciar o interior das minhas coxas, subtilmente vai fechando o íntimo cerco na tactil exploração que a venda apenas permite.
No preciso momento em que chegaria ao ponto mais crítico toca a campainha.
- Estão a chegar! - Avisei por instinto.
- Ai... Estão. - Entre a momentânea surpresa e a desilusão de morrer na praia.
Anabela coloca a mão sobre o lenço para o retirar dos olhos. Colocando a minha mão sobre a sua impeço-a carinhosamente.
- Só cinco segundos. - Pedi para que não ficasse constrangida com o meu estado natural.
- Eles ainda estão lá em baixo e o elevador ainda leva um minuto até este andar. - Informei com previsão.
- Vai. Não percas tempo. - Ordenou convicta.
Agarrei em toda a roupa e corri para o quarto. Vesti-me tão rápido quanto pude para lhe dar tempo para se ajeitar.
Meu espanto, quando saio e a vejo composta, de porta aberta,
à espera dos restantes convidados, com toda a naturalidade.
A sua astúcia feminina conseguira tudo resolver num momento de inspiração. Mal saí da sala baixou a venda, apertou o soutien, abotoou o que faltava na blusa compondo-se rapidamente.
Como o elvador estava prestes a chegar e o nó do lenço estava apertado, sem perder tempo nem a classe e aproveitando que já estava dobrado, puxou o lenço para ligeiramente acima da testa, ficando numa práctica e condizente fita de cabelo como se tivesse sido apenas para ajudar na cozinha.
Como o elvador estava prestes a chegar e o nó do lenço estava apertado, sem perder tempo nem a classe e aproveitando que já estava dobrado, puxou o lenço para ligeiramente acima da testa, ficando numa práctica e condizente fita de cabelo como se tivesse sido apenas para ajudar na cozinha.
Parecia que nada tivesse passado e, após a entrada dos nossos amigos, ajudou-me a colocar o assado no centro da mesa.
Terminadas as tarefas saiu da sala.
Terminadas as tarefas saiu da sala.
- Vou só endireitar o cabelo.
Voltou de cabelo escovado e sem o lenço em fita.
Tudo correra com a normalidade de um informal jantar de amigos. À saída Anabela ia aproveitar a boleia mas, algo a inquietava.
- Estava prestes a encontrar a pulseira, não estava? - Perguntou discretamente.
- Nunca saberás. - Dando-lhe um beijinho de despedida sem nada revelar.
QT
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