Quadrado Textil

Quadrado Textil
Lenço (latin linteum, -i, pano de linho) s.m. Peça de roupa, que consiste num pedaço de tecido, quadrado, com que se abriga o pescoço ou a cabeça.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Personal Trainer

Um café e um bolo - Pediu olhando para mim encolhendo os ombros com ar comprometido.

Era comum encontrar Teresa, na cafetaria, pela manhã. Pedia sempre a mesma coisa, com o mesmo complexo de culpa.
Esta manhã não seria diferente não fosse o seu inusitado desabafo:
- Não sei porque como o bolo quando não devia. É tão bom e mesmo sem comer fico gorda.
- O que interessa é que te sabe bem. - Desdramatizei diplomaticamente.
- Para ti é fácil. És elegante.
- É apenas um modo de vida.
- Modo de vida como? Fazes alguma dieta?
- Não, nada disso. Só tenho algum cuidado para não abusar.
- Tomara eu conseguisse. Precisava força de vontade, ajuda e ou algum simbolismo que tivesse significado.

Parecia um envergonhado pedido de socorro.
A palavra simbolismo ficou gravada na memória como se fosse uma provocação.
Não resisti a fazer umas compras durante o fim-de-semana. Que arrumei numa pequena caixa de madeira envernizada.
Na segunda-feira de manhã lá estava, no café, como era hábito.
- Bom dia. - Cumprimentei muito sorridente.
- Bom dia. Tens algo diferente! - Respondeu desconfiada do tão denunciado sorriso.
- És atenta. Está numa caixa. E se eu te mostrasse ao almoço?

Um almoço era daquelas coisas que se sugeria fazer mas nunca se concretizava. Assim para hoje não se adiava.
- Estás a convidar-me para almoçar hoje? - Inquiriu incrédula.
- Sim, estou. Vens? - Insisti cruamente.
- Bem... Sim... Vou. - Aceitou insegura.
- Meio-dia e meia?
- Pode ser.

Na hora marcada saímos para um pequeno restaurante mais resguardado. Não me parecia próprio ter todos os colegas a interromper.
- Qual foi o motivo deste almoço? Vais me pedir em casamento? - Perguntou bem-humorada.
- O almoço é para avaliar o dote. O pedido vem depois. - Devolvi na mesma moeda.
- Logo vi que havia interesse. Tens qualquer motivo escondido.
- Na semana passada pareceu-me que querias ajuda para vencer a barriguinha. - Cuidadosamente avancei.
- Não é só a barriga. Há tanto para vencer. - Respondeu cabisbaixa.
- E queres que te ajude?
- Ajudas? - Perguntou como se suplicasse.
- Por isso combinei o almoço. Nada como comer para começar a perder peso. - Ironizei.
- Era bom que assim resultasse. E vais me ajudar?
- Vou. Como se fosse uma missão. Queres?
- Claro que quero. Por onde começo?
- Pelo simbolismo. - Afirmei entregando-lhe uma caixa.

Sem nada dizer seus olhos tudo confessaram entre espanto, curiosidade e vontade.
- Posso abrir já? - Ansiosa pediu, sem me dar tempo de responder.

Cuidadosamente abriu a caixa e retirou todos os itens, um a um.

Uma pequena caneta a conduzir com uma, igualmente pequena, agenda vermelha, com uma oportuna melancia desenhada, um pequeno lenço de algodão amarelo, com padrão de cornucópias pretas, um outro em vermelho com o mesmo padrão e um terceiro, do mesmo tipo, em azul. Ainda havia um quarto lenço, bordeaux, com um padrão detalhado em diversas formas pequenas, de poliéster sedoso, maior em tamanho.

- Caixa tão gira! Como vou usar tudo isto?
- Vou explicar.
- Conta-me. Estou tão curiosa para saber o que vai daí sair.
- Para começar o bloco e lápis: Vai servir para anotares tudo o que comeres nas próximas duas semanas. Tudo mesmo. Até uma simples pastilha elástica.
- Isso parece fácil. - Sorridente respondeu.
- Vai, também, servir para eu perceber o que está desequilibrado e para tu tomares consciência do que realmente consomes. Registas sempre o que comes, a quantidade e a hora. Durante as duas semanas e depois vemos o resultado. Combinado?
- Combinado. E os lenços?
- Os lenços vão ser o símbolo da tua luta e vão ser muito uteis. O objectivo é que no final os sintas como se te tivessem levado á vitória. Vamos já usar o bordeaux. Podes tirar e dobrar em fita.

O seu largo e genuíno sorriso demonstrava estar a gostar deste ritual.
Sem demoras pegou no lenço e abriu-o sobre a mesa.
Com a refeição por servir foi possível afastar pratos, copos e talheres para que pudesse esticar este lenço de média dimensão. Sem grandes cuidados dobrou em triângulo e seguidamente em fita.
- E agora? - Questionou imediactamente após finalizar a dobra.
- Agora vais usar no pescoço, com duas voltas e nó à frente.

Talvez não fosse o que esperava. Percebia-se pelo ar de surpresa mas, mesmo assim, estava ansiosa.
Deu a volta ao pescoço e, com alguma dificuldade, atou dois nós nas curtas pontas que sobraram.
- Ficou um pouco justo! - Indicou de seguida.
- Pois está. Daqui a algum tempo vais usar esse lenço confortavelmente. Vai ser o símbolo do teu sucesso.
- E os outros?
- Os outros são para usares principalmente para prender esses teus longos cabelos na parte física.
- Como se vê naqueles programas de TV?
- Sim. De certo modo mas mais de forma práctica do que orientada para a imagem.
- Pensaste mesmo em tudo. Não esperava tanto pormenor. - Comentou tão surpreendida como interessada.
- E não foi tudo mas, no devido tempo, saberás. Agora fica a questão. Estás preparada para cumprires as minhas regras durante meses?
- Sim claro. Claro que estou. - Reforçou esperançada.
- Começas hoje. Agora. Ainda te lembras do que comeste durante a manhã?
- Lembro. Também não foi assim tanto que ficasse difícil lembrar.

Pegou no bloco e começou a escrever.
Rapidamente descreveu tudo o que comera hoje.
- Aqui está. Já não tenho segredos. - Entregando o bloco na minha mão ansiosa pela minha reacção.
- Só falta indicares a hora. - Após breve vista de olhos.
- Pois é. Falta. Ponho já. - Abrindo, eficientemente, o bloco pronta a completar a informação.

Após terminar voltou a entregar.
- Guarda para continuares nas próximas refeições. - Recusei calmamente.
- Não lês? - Perguntou como se eu não fizesse o esperado.
- Vou ler mas só no final das duas semanas.

Sorridente percebeu a ideia.
- O almoço deve estar quase a ser servido. Podes arrumar o lenço do pescoço para não ficar desconfortável. - Sugeri
- Embora estivesse justo não está nada desconfortável. É tão macio que já nem dava por isso. Escolheste-o bem.

Rapidamente desatou, esticou sobre a mesa, dobrou em quadrado e devolveu-o à caixa de onde tinha saído. Não consegui ficar indiferente mas disfarcei como pude.
Veio o almoço e por ser dia de trabalho não nos prolongamos mas o tema manteve-se. Regressamos ao escritório. Teresa levava a caixa como se fosse um tesouro.
Passadas duas semanas, ao chegar ao trabalho, tinha um envelope, de correio interno, fechado sobre a secretária. Lá estava, como planeado, o bloco de notas, cuidadosamente preenchido.
Naquele momento não o li. Apenas enviei um email indicando que estava recebido e o ia analisar. Prometi-lhe que no final da semana tinha um plano.
Na sexta-feira, à tarde, encontramo-nos num intervalo de lanche.
- Então tens um plano para mim? - Perguntou entusiasmada.
- O prometido é devido. - Respondi usando a popular expressão.
- Vais falar de uma dieta?
- Não. Uma dieta só teria resultados temporários. Vou-te falar de mudar de vida.
- Que radical! Então começa.
- Ao ler os teus registos o que notei de imediacto foi o horário que fazes. Melhor, o horário que não fazes.
Deitas-te tarde, acordas em cima da hora, sais sem tomar pequeno-almoço, almoças muitas vezes tardíssimo e à noite ficas a comer petiscos até tarde.
A primeira coisa é teres horários. Acordas cedo para teres fome e tempo para tomar um bom pequeno almoço, evitas a ida ao café, almoças cedo, sais mais cedo com tempo para organizar o dia seguinte e jantas moderado.
Finalmente vais dormir mais cedo e evitas tentações da gula nocturnas. Segues um horário onde acordas todos os dias cedo e à mesma hora.
Tenho aqui uma folha com ajustes á alimentação e algo diferente. Todas as manhãs, a primeira coisa que fazes, é uma infusão de gengibre com umas pingas de limão. Só depois de beberes é que te vais preparar. Pequeno-almoço forte com lacticínios, fruta e cereais. A outra fruta passas a comer meia hora antes das refeições.
Para o plano de exercícios, usas a tua elíptica duas vezes duranta a semana. Meia hora por sessão para iniciar.
No fim-de-semana combinamos e treinamos juntos.
- O que achas? - Inquiri curioso.
- Parece-me muito bem. Muito completo.
- Então começas amanhã, de manhã.
- Combinado. Estou ansiosa.

No dia seguinte tocou cedo o meu telefone.
- Olá. Comecei hoje e fiz tudo. - Contou mais que animada.
- Que bom. Vai ser uma viagem fantástica. - Satisfeito com o seu interesse.
- Era só isso que te queria dizer. Beijinhos.
- Beijin... - Sendo desligado antes que pudesse terminar a breve despedida.

Durante a semana contava-me, sempre num curto formato, os seus progressos. Na sexta combinamos, com mais calma, o treino de sábado. Agendamos para as oito e meia da manhã à entrada do Estádio Nacional. Uns minutos após chegar lá vinha Teresa, no seu andar despachado, com o lenço vermelho na cabeça, em triângulo, atado atras da nuca, sensualmente ondulando as suas pontas.
- Bom dia. - Cumprimentou sorridente.
- Bom dia Teresa. Estás mesmo gira. - Deixei escapar
- Obrigada. - Retorquiu de imediacto.
- Preparada para o percurso?
- Claro. Podemos começar.

Iniciamos o caminho seguindo as indicações registadas nas tabuletas do circuito. Entre breves corridas e longas passadas, executando os exercícios sugeridos, pelo meio, passou mais de uma hora.
Sentados num tronco caído recuperávamos energias enquanto bebíamos as nossas águas.
Teresa desatava o lenço da cabeça, um pouco desviado, após todo o esforço. Dobrou-o em fita e atou no pulso. Desconhecia que era a minha grande recompensa, para além do gosto em ajudar uma amiga e do prazer de fazer exercício ao ar livre.
- Dá muito jeito o lenço. É uma boa ideia. Mesmo em casa uso, em fita durante os exercícios.
- E ficas tão gira. - Aproveitei para comentar.
- Fico? - Sorridente com o discreto piropo.
- Mais que gira. - Devolvi em jeito de enigma.

Tinha de me conter nos elogios para não levantar suspeitas mesmo sabendo que Teresa estava de rastos após todo o esforço e que não prestaria a mesma atenção.
Regressamos a nossas casas deixando alinhavado o plano para o seguinte fim-de-semana.
O treino seria ao domingo. Mais outro, especial, estava secretamente planeado para o final de sexta.
Como na semana anterior Teresa contava-me os progressos.
- Sabes que já me habituei ao novo ritmo de vida? - Afirmou em tom de pergunta.
- E estás a gostar?
- Estou mas, principalmente, sinto-me melhor. E estou a adorar os “teus” lencinhos. São tão prácticos e confortáveis. Gosto de me ver. - Afirmou ignorando o efeito que me provocava.
- E eu gosto de te ver assim. - Confessei.
- No fim-de-semana vamos fazer algo diferente? - Inquiriu suspeitando da mudança do treino para domingo.
- Estás muito atenta. Vamos fazer uma aula de salsa na sexta à noite. Descobri, acidentalmente, que vai abrir uma classe para iniciados. É um excelente exercício. Que achas?
- Acho óptimo. Sempre tive vontade de aprender danças.
- Inicia às 20:00. Nesse dia temos de sair mais cedo.
- Combinado. Obrigada.

Dei-lhe as orientações do local ficando acordado chegar dez minutos antes para a inscrição.
Chegou em cima da hora mas ainda a tempo. Eu já tinha aproveitado para fazer as inscrições.
Vinha de calças de ganga elástica preta, blusa branca e casaco de malha. O lenço vermelho atava-lhe o cabelo, por entre redondos caracois, sobre o elástico que lhe segurava o rabo-de-cavalo.
- Gostas do lenço? - Perguntou logo ao chegar.
- Ficou muito bem. - Respondi sem me denunciar
- Como vamos ter actividade física não podia faltar o lencinho.

Entretanto a aula estava prestes a iniciar. Teresa tem muito jeito mesmo movendo todo o seu peso. Está como peixe na água. Compensa a falta de jeito deste peixe em seco.
Passada a aula e durante mais de uma hora foi colocada salsa para dançar livre e aplicar os parcos conhecimentos.
Aproximava-se a hora ''Cinderela' e antes que a carruagem se transforme em abobora, na décima segunda badalada, regressamos. Também não queríamos quebrar o hábito de ter um horário saudável depois da conquista.
Despedimo-nos combinando o seguinte treino.
- Domingo vou buscar-te às sete e meia. Pode ser?
- Claro que pode. Já sou capaz de tudo. Como levo o lenço? - Deliciosamente perguntou.
- Na cabeça. De nó atras. Pode ser? - Arrisquei.
- Como te disse posso tudo. E cada vez gosto mais destes teus lenços - Perigosamente bem-disposta devolveu.

Domingo de manhã cedo, à hora combinada, passei na sua casa. Não era possível evitar a ansiedade em ver se e como teria colocado o lenço.
Ao chegar lá estava de lenço vermelho na cabeça, em triângulo e nó atrás. Sexy...
- Bom dia Teresa.
- Bom dia.
- Pronta para o exercício?
- Totalmente pronta. E o lenço ficou bem assim?
- Mesmo bem. Muito práctico.
Fomos até à praia. Em pouco mais de meia hora estávamos a estacionar. Ainda não era verão. Foi rápido e fácil.
Deixamos o calçado no carro e alcançamos a areia. Caminhamos com energia alternando a areia seca com a molhada na deserta praia. O sol baixo permitia reflexos que decoravam o areal e definiam as nossas silhuetas realçando o belo efeito que o lenço na cabeça lhe proporcionava. Andamos mais de dez quilómetros, já tínhamos a chegada á vista mas Teresa mostrava uma boa resistência apesar do esforço e ainda queria fazer mais.
- E se fizéssemos um jogo? - Em tom desafiante.
- Mas jogamos a quê se não temos nada para jogar connosco?
- Cabra cega. Tenho o lenço.
- Está bem. - Hesitante mas ansioso por jogar.

No mesmo instante passou a mão sobre o lenço e retirou-o do cabelo. Desatou o nó, dobrou cuidadosamente em fita e decidiu:
- Começas tu. - Virando-me de costas para ela.

Não sabia que o lenço na mão lhe dava o incontestável poder de decidir. Eu também não o queria confessar mas facilmente cedia à textil ditadura.
Atou-me o lenço sobre os olhos e com um suave empurrão afastou-me.
- Agora apanha-me.

Pensei que seria fácil encontra-la naquele escuro imposto.
Inicialmente não me esforcei mas rapidamente percebi que Teresa não ia facilitar. O ruido contínuo, das ondas, prejudicava a orientação turvando o som dos seus passos. E o lenço sobre os meus olhos deixa-me completamente desconcentrado. Ria-se a distância segura. Sorrateiramente apertava-me uma nádega e afastava-se do meu alcance. Já teria percebido que o lenço mais fazia que me deixar no escuro, embora não percebesse todo o seu poder.
Após algum tempo, por alguma distracção sua, ou talvez não, consegui, finalmente apanha-la. Espontânea e desajeitamente, por não ver, abracei-a em jeito de placagem para não me fugir mais.
Rindo da minha trapalhona forma rendeu-se.
- Está bem agora sou eu. - Virando-me para desatar o lenço.

Passou-o para a minha mão virando-se submissa á pena por ter sido capturada.
Demoradamente atei o lenço sobre seus olhos saboreando cada segundo e com suavidade rodei-a duas voltas afastando-me.
Agora procurava-me de mãos esticadas. Aquela visão de Teresa com o lenço vermelho atado sobre os olhos, procurando-me perdida no seu escuro induzido, deixava-me deliciado. Sempre adorei secretamente jogar à cabra-cega.
Perdia a noção do tempo nesta brincadeira que tanto me seduzia como me fazia sentir criança.
Fui quase vingativo dificultando que me encontrasse.
- Não me apanhas. - Sussurrava no seu ouvido quando conseguia sorrateiramente passar por trás.
- Onde estás? Não me deixas apanhar? - Perguntava tentando localizar-me com mais precisão.

Desviava-me aproximando da linha de água sabendo que vendada e mais atenta aos sons lhe daria a sensação de estar bem mais perto da água.
- Para onde vais? Deves estar a nadar. Assim não vale. - Hesitante pela proximidade do mar que, sem ver, se tornava mais arriscada.

Com frequência o limite da onda chegava a molhar-lhe os pés. Inesperadamente agarrei-lhe a mão e gritei:
- Foge! Esta é enorme.

Corremos com a pouca energia que restava e Teresa. Ofegante, puxa o lenço para baixo, ficando pendurado no seu pescoço. Olhou para trás vendo apenas um ténue e espelhado plano de água, de uma onda que mal chegou a ser pequena.
Olhou de lado para mim enquanto recuperava o folego.
- Fizeste-me correr como louca assustada e o mar estava fraco.
- Foi bom, não foi? - Ironicamente provoquei.
- Um dia vingo-me que hoje fiquei exausta. - Respondeu sorridente enquanto puxava o lenço ao cabelo para aproveitar a fita já feita.
- A ideia foi tua. E também gosto do cabelo assim
- Esperto! - Num desconfiado tom.

Os treinos semanais, as aulas de salsa e os passeios físicos mantiveram-se durante as semanas que se seguiram. Usava sempre um lenço que me deixava mais que fascinado tendo, impulsivamente, comprado mais dois, um preto - que agora usava frequentemente, em fita,  no dia-a-dia - e um branco, ambos com cornucópias, pequenos, de algodão. Mesmo sem confessar Teresa percebia que eu gostava muito de a ver com o especial acessório.
Os resultados destas actividades não tardaram a aparecer e já passados diversos meses combinamos um almoço no mesmo local do primeiro. Pediu-me para guardar lugar que ia lá ter.
Fiz o combinado. Escolhi uma mesa em local sossegado e pouco depois era surpreendido quando a vejo aparecer tão sensual, de calças justas uma simples blusa branca e com o lenço médio, que lhe oferecera inicialmente, perfeitamente atado no pescoço, com duas voltas, na medida certa.
- Estás fantástica.
- Obrigada. Queria muito que visses como fica agora o lenço.
- Muito diferente da primeira vez que experimentaste. É a prova dos resultados. Era isso que eu queria ver mas tu adiantaste-te.
- Não resisti e fiquei com o gosto em usar. Já percebi que gostas de ver.
- Adoro. E foram uteis, não foram?
- Foram e são.
- Tem valido a pena o esforço?
- Tem. Não sei como agradecer.
 - Já está mais que agradecido. Tenho todo o gosto. Ver-te assim elegante, de lenço tão bem posto é mais que recompensador.
- O lenço recompensador? És estranho. - Afirmou em tom de brincadeira.
- Temia que achasses isso.
- Oh! Estava a meter-me contigo. Na verdade gosto muito como me olhas quando estou de lenço. É um olhar doce. E aprecio usar. Não tinha esse hábito por não saber.
- Nunca usaste antes? – Perversamente curioso
- Raramente. Umas vezes em fita e devo ter usado em criança. Agora vou usar muitas vezes. Não só quando treino. Apetece-me.
- Fica-te bem. - Repeti-me apenas para não ficar calado.

Este almoço não foi o fim do plano. Continuávamos a treinar no fim-de-semana e a frequentar as aulas de salsa. Teresa era, agora, uma mulher normalmente dimensionada e especialmente confiante. Marcava o seu estilo usando frequentemente lenços, o símbolo da sua vitória. A minha recompensa pelo que tem sido este tempo de dedicação, em estilo 'personal trainer', era mais que fantástica.


QT

Sem comentários:

Enviar um comentário