Bom dia Sra. Dra....
Ouço-a, mal entra a Dra. MFL, no open-space, em frente do seu gabinete. A maioria faz a vénia à entrada da distinta personagem. Felizmente, como me mudei para este departamento há pouco tempo, fiquei no canto. Vejo pouco e sou pouco visto. De qualquer modo apercebo-me do que se passa à minha volta.
Passam as semanas e a ainda não lhe detectei um sorriso ou uma expressão facial humana. Cumprimenta rápida e friamente todos os que, oportunamente, lhe dão os bons dias. Cruza instantaneamente um olhar, quase fulminante, pelo open-space.
Esta é a mulher mais anti-clímax que existe, que ninguém imagina como poderá ter concebido os filhos. Mata, instantaneamente, qualquer pensamento sugerido por Afrodite. Só de pensar um frio arrepio percorre o meu corpo.
Nem com lenços melhoraria. Pelo contrário, seria ainda mais repelente. Até assusta.
Os dias vão passando sempre na mesma rotina.
Até um dia... São 9:30, MFL entra no espaço, e alguém a detém para lhe fazer uma observação aparentemente urgente. “Estacionou”, de costas para mim. Da sua grande e gasta bolsa em couro castanho, segura na sua mão caída, via-se a escapar, de dentro, uma ponta de um lenço branco com um padrão de pequenas bolas vermelhas. Parecia-me pequeno, de uns 50 cm de lado. Em algodão suave. Gosto...
Não tinha nada a ver como ela. Porquê? O que a fez trazer essa pequena relíquia. Apenas usava, esporadicamente, uns lenços quadrados enormes, muito conservadores, dobrados em rectângulo estreito, a cair pendurados no pescoço, sem nó. Da forma que as mulheres da politica gostam de usar para dar um ar de trabalho.
Os meus olhos magneticamente atraídos para o lenço na bolsa e repelidos pela sua portadora. Uma estranha sensação agridoce.
Como sempre mantenho-me discreto para não revelar velhos segredos.
Tão subitamente como começou a conversa acabou. MFL vira-se rapidamente e retira-se. Mas... Ela teve um ínfimo momento que detectou o meu olhar. Fico incomodado por temer que ela tivesse desconfiado de algo. Que estivesse a olhar para a bolsa dela com alguma má intenção. É uma situação desconfortável. Deve ser imaginação minha. Espero...
Passou o almoço e o assunto parecia arquivado. Mais tarde a secretária de MFL pediu-me: "Antes de sair passe, por favor, no gabinete da Dra. Eu vou sair agora". Estava prestes a acabar o dia e o espaço estava vazio. Sobrava apenas MFL no seu gabinete.
Como a porta estava aberta dirijo-me ao gabinete.
- Posso?
- Sente-se -disse friamente
Sentei-me, à sua frente, do lado oposto da secretária, enquanto, sem desviar o seu olhar, acabava de fechar o computador.
A cadeira habitual ficou encostada á parede. Agora estava uma pequena cadeira de escritório, com rodinhas e sem apoios para braços. Só mais tarde percebi porquê.
Lentamente coloca os cotovelos sobre a mesa entrelaçando seus dedos. O mesmo ar de sempre, olha para mim, faz uma pausa de segundos que pareceram horas.
- Pode-me dizer para onde estava a olhar hoje de manhã? - Disse fulminante.
- Como? - Retorqui atordoado com o pulso a disparar
- Sabe o que estou falar. Não seja tonto.
Sentia-me como uma criança da escola, no seu bibe azul e branco aos quadradinhos, a ser repreendido pela professora autoritária por ter espreitado para a casa de banho das meninas.
Coloca, entretanto, a bolsa sobre a mesa....
O meu olhar passa pela ponta saída do lenço. Tento desviar fazendo com que não se note.
Retira cuidadosamente o lenço da bolsa. Não sei onde me meter, paralisado na cadeira.
- Era isto que queria ver? Incomoda-o? Acha bonito?
Não sei que fazer, que responder, como mover. Recuei no tempo e ali está, ainda, a professora. Insistindo assustadoramente na sua disciplina. Haverá castigo? Parece interminável o tempo que não corre.
Abre o lenço na mesa e, agilmente, dobra-o em triângulo e faz uma larga fita.
Aproxima-o firmemente de mim.
Sinto-me a escorregar pela cadeira.
- Sente-se direito. Não está em casa. - Diz qual professora.
Direito estava. Estarrecido e atordoado. Completamente surpreso e impotente perante tudo.
- Se quer ver eu mostro-lhe. - Disse aproximando demasiado dos meus olhos.
Estava perto demais que custava a focar.
O que vai acontecer? Não acredito, vai vendar-me. Pensava em silêncio.
O fino algodão toca os meus olhos. Sinto um aperto de um nó a ser atado. Não vejo nada. Vendou-me.
Finalmente os meus lábios movem-se receosamente.
- O que está a fazer Dra.?
- Cale-se. - Retorquiu fulminante
- Fale só quando lhe perguntar.
Sentia-a agora a movimentar-se na sala. Retirava coisas da bolsa. Ouvia o escorrer de alguns tecidos e movimentos sobre estes.
Os silêncios eram perturbadores. Estaria a olhar-me. Que fazia?
Sentia-a nas minhas costas. Puxou-me as mãos para trás da cadeira. Sentia a textura de um lenço sobre as minhas mãos. E logo em seguida um aperto.
!!!!????? Ela está a amarrar-me!!!
Antes de esboçar qualquer som já me dizia: "Nem se atreva a falar sem lhe perguntar."
- Mas Dra....
- CALUDA. Não admito meninos desobedientes.
Já me trata por menino. O que se passa aqui?! Pensava.
Mas nesta altura já estava a ficar com outras preocupações, que poderiam agravar a situação. Muito....
Não queria mas sentia, agora que a surpresa já era efectiva, uma excitação que já me percorria todo o corpo. E não me parecia parar por aí.
Eram uma mescla contraditória de sensações. A mulher mais repelente e eu aqui excitadíssimo. Não pode ser. Mesmo vendado não esquecia a sua cara e queria evitar ficar assim. Não foi por não a ver que tudo ficou mais erótico. Mas a textura dos lenços e o facto de estar dominado por ela faz-me querer fugir. Sinto-me ainda mais dominado, ainda mais excitado....
Outro receio surge. As minhas calças apertam. Temo que se note fisicamente a minha excitação. O que me provoca ainda mais.
Entretanto MFL remete-se ao silêncio. Neste estado ouço tudo detalhadamente. Anda lentamente pela sala, ao contrário do habitual. Ouve-se remexer na bolsa. Um suor frio escorre cada vez que mexe na bolsa. Um som metálico. Chaves! Volta a andar. Que vai fazer? Parecem-me entrar na porta. Ouço trancar... Estamos fechados!
- Gosta de lenços? - Pergunta
-....sim! - Respondo em surdina depois de um silêncio defensivo
- Então deve gostar de estar assim.
Apenas deixo fugir um longo e pouco audível gemido, incapaz de responder.
Fica novamente em silêncio. Tento reprimir qualquer movimento do meu corpo mas é tarefa impossível. Sei que me vigia, que verifica atentamente todo o meu movimento ou expressão. Não a vejo o que me deixa ainda mais sensível.
Porque me observa tanto tempo?
Agora sei o que é a eternidade...
O pior de tudo é que estou a gostar. A adorar. O receio tem sido catalisador de maiores sensações. O corpo já não obedece à mente.
Volta a remexer na bolsa. Ouço ruídos e seguidamente mais tecidos. Serão mais lenços?
Virou a cadeira de costas para a secretária. Soa-me a objectos a serem desviados. Está a limpar a mesa. Embora excitadíssimo há coisas que não quero que me faça. No dia seguinte ficaria incapaz de olhar para mim. Como sempre esse receio ainda me provoca mais.
Agora de costas detecto sons de tecidos (lenços?) a passar na mesa vazia. Os sons repetem-se. Cada som, cada dúvida descontrola-me. Tento, sem resultado, perceber o que se passa.
Subitamente um lenço entra na minha boca. Sem aviso. Solto um gemido profundo, de resistência, de surpresa de excitação enquanto o sinto um nó a apertar bem forte. Estou nas mãos da MFL.
Rapidamente passa aos pés, descalçando-me. Mais uma suave textura a ser enrolada e apertada. Pode, agora, fazer tudo. Não tenho forma de evitar. Por um lado é bom. Desresponsabiliza-me mas descontrola-me.
Entretanto começa o seu discurso disciplinador.
- Eu disse-lhe que o queria calado. Assim fica melhor. Não tem vergonha de olhar assim para uma bolsa de uma senhora? O seu conteúdo é íntimo. Já vi que os lenços o perturbam. Por isso o coloquei assim. Tem de aprender a comportar-se se não quer ficar assim. É inaceitável ver um lenço na minha bolsa e ficar excitado. Que atrevimento. Já tinha reparado que espreita para alguns lenços que as funcionarias usam. Francamente!
Fez uma pausa. Mais uma espera silenciosa. Percebeu que me afecta. Cada célula do meu corpo fervia descontrolada. O corpo, desobediente, movimenta-se restringido em impulsos instintivos. Quero parar e desaparecer. Ou quero que dure eternamente. Não sei... Já não consigo distinguir o certo de errado.
Todo eu sou descontrolo...
- Já viu o seu estado. Não tem vergonha? Quase a rebentar as calças! - Disse-me em tom de gozo.
Tinha obviamente percebido o meu estado de excitação, que as calças já deixavam transparecer. Que embaraço!
- Não vai sair enquanto não estiver a comportar-se
- HUMMMMMMMM! - Tentei dizer algo sem saber o quê.
Abriu-me o cinto, e as calças. E baixa-as....
- Assim posso ver se fica melhor comportado.
- HUMMMMMMM!
Assim ainda é pior. Como é que vou sair?
Quanto mais tento sair, mais excitado fico, como se fosse possível.
Voltou a ficar em silêncio. É uma ansiedade pensar no que vai acontecer em seguida.
Destranca a porta. Vai buscar mais qualquer coisa. Será que não tem fim? (Que bom! É o que me já passa pela cabeça!)
Volta rapidamente com qualquer coisa que me introduz nos ouvidos debaixo do lenço que me venda. Parecem headfones!!!
Sinto um ligeiro peso pendurado. Tento espreitar pelo apertado espaço debaixo do lenço. Para ver o que tenho pendurado. O ínfimo instante que consegui espreitar foi logo interrompido.
- Comportamento é inaceitável. Está só a piorar a sua situação. - Detectou-me imediatamente.
Mais algum tecido ou lenço é colocado nos meus olhos, não percebo exactamente como mas fico num breu total, nada me permite espreitar. Estou a perder todo o contacto com o mundo real.
Os headfones dificultam-me a audição embora desligados.
Continua a movimentar-se na sala, deixando-me contorcer desorientado. Destranca a porta e, aparentemente, liga um telemóvel e é atendida. Tento perceber mas sai da sala e fecha a porta.
A dúvida, a curiosidade, o receito, tudo me consome....
Que mais vai fazer?...
Volta a entrar e fecha a porta sem trancar. Pelo menos não ouvi a chave.
Não faço ideia do que se passa, tenho me controlar mas a minha nudez denuncia o meu estado de excitação.
O tempo passa sem nada acontecer. A não ser alguns comentários esporádicos faz sempre reprimindo o meu comportamento.
Estou amarrado, vendado, amordaçado e despido abaixo da cintura. Coberto de lenços. Completamente exposto à mulher menos excitante do planeta. Entretanto, qual "firme e hirto", denuncio-me de forma absolutamente embaraçosa.
O pensamento sobre o que irá fazer repete-se na minha mente. A única parte do meu corpo que não está dominada. Pelo contrário soltou-se e foge descontrolada.
O telemóvel toca. Abre uma gaveta e diz apenas "até já".
Agarra-me o braço apertando com a força que tem. Como a professoras faziam aos "maus meninos".
- Fica de castigo. Não sabe ficar sossegado? Se não se comporta eu faço-o comportar. Só sai daqui quando eu vir que voltou ao estado normal, já disse.
Como seria possível, assim, sossegar meu corpo que, já há muito, declarara independência da mente.
Ligou os headfones subindo o volume de um jazz que desconheço. Agora estava fora do mundo real. Só me sobra o tacto que nesta altura está hipersensível.
Outra espera...
Deixa-me a pensar...
Será propositado?
E o telefonema?
Porque disse “até já”?
Quem vem ai?
Quanto me solta? (Não quero)
E claro a habitual dúvida: Que mais vai fazer?
Não ouço, não mexo, não vejo.
Será que alguém chegou?
Quem será?
Será bluff?
Qual era a sua intenção?
Subitamente sinto uma mão na minha perna. Durante algum tempo... bastante tempo... tempo demais...
O meu corpo procura-a. Que faço?!
Explora-me o corpo, como se me revistasse. Como se procurasse provas. Temo ser tocado por poder explodir quase de imediato. Toca-me quase ao limite, deixando-me a procurar chegar ao fim, ofegante. A mordaça abafa-me os gemidos e pedidos para não parar.
Joga com as minhas reacções conduzindo-me quase ate à êxtase e parando no último instante.
Perco-me no tempo e espaço. Perco o corpo e mente.
Um calor húmido cobre-me. O que é? Onde estou a entrar?
Seguro-me com força abdominal facilmente vencida.
Escorro “litros” descontrolados...
Sem pausas, a mordaça é retirada para recuperar, respirando ofegante.
E sinto uma pequena folga nas mãos atadas...
A musica desligada...
Não me mexo, não penso, não sinto nada. Espero que o corpo volte a ligar. Só respiro...
Silencio...
Estou só!
Volto à realidade. Agora que o libido está esgotado os lenços não me excitam mais que um tapete. Acontece sempre assim na meia hora seguinte.
Tento me soltar. Apesar da folga permitida as mãos ainda estão muito enroladas e ao fim de longos minutos as mãos fogem à sua prisão. Tiro a venda, solto os pés e desato o lenço da mordaça ainda caído sobre o pescoço. Uma caixa de klenex está ao meu lado. Com propósito claro.
Arranjo-me e vejo a gaveta deixada aberta propositadamente. Coloco todos os lenços e fecho-a. A sala estava arrumadíssima. Parece que não houve nada. Não há vestígios. Passaram-se horas desde o início...
Sigo exausto para casa.
Nesta noite durmo facilmente.
Nas seguintes, com muito embaraço e excitação, certamente lembrar-me-ei disto...
QT
QT
Que forte,brutal,quase selvagem!Uma verdadeira dominação e submissão pelo poder de uma autoridade e de inofensívos,mas exitantes lenços!Adorei!
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