Sabia que ela tinha comido qualquer coisa no escritório para acabar tudo o que tinha de fazer.
Já me tinha ligado queixando-se que tudo lhe caia em cima. Tinha responsabilidades em tantas coisas que pareciam não ter fim.
Tudo o que queria era chegar a casa e esticar-se no sofá.
Inocentemente estava a dar-me a deixa que estava a precisar de um destressante forte. De ficar sem responsabilidades, sem obrigações, sem expectativas. ...sem controlo.
Por ter chegado a casa cedo tive tempo para planear, meticulosamente, passo-a-passo, um conjunto de manobras para a levar a outro mundo.
Com tudo preparado desliguei o quadro eléctrico, deixando a casa numa penumbra. Escapavam, apenas, alguns raios de luz vindos da rua, por entre a abertura das cortinas.
E uma vela acesa na cozinha. Servia de distracção.
Ouvi a chave a entrar na porta. No corredor do lado oposto à cozinha fiquei no escuro, encostado à parede, em absoluto silêncio.
Entrou.
Fechou a porta.
Tentou ligar a luz (não resulta com o quadro desligado).
Chamou-me (sem resposta).
A luz da vela, na cozinha, atraiu o seu olhar.
Nesse momento, após desatar o lenço lilás que usava no pescoço, agarrei-a por trás, vendei-a, agarrei-lhe as mãos para não tirar o lenço e beijei-a intensamente.
Deixou cair a mala e o casaco enquanto tentou dizer:
"o que é is... mmmmmmmmmmm..."
Já os meus lábios se encostavam aos dela num longo e húmido beijo.
Sempre a segurar as suas mãos peguei num lenço comprido e agilmente amarrei-lhe as mãos atrás das costas, enquanto resistia e protestava:
- Espera.
- O que estás a fazer?
- Estou cansada.
- Pára.
Nem lhe respondi.
Agora era já tarde demais.
Um outro lenço, vermelho e preto, que tinha escondido, já preparado, com um nó no meio, era atado na sua doce boca. Privada da palavra gemia protestos.
Levei-a para a sala e sentei-a num sofá.
- Não era este o teu desejo? Ficares esticadinha no sofá? E os teus desejos são ordens... - sussurrei-lhe ao ouvido.
- mmmmm
-Vou te deixar mais confortável.
Deitei-a cuidadosamente no sofá de barriga para baixo, tirei gentilmente os seus sapatos, depois as calças e, finalmente, o relógio do pulso.
Dobrei suavemente mais um lenço grande, em fita. Amarrei os seus calcanhares, sem apertar muito, mas de forma segura.
- mmmmm - protestou novamente.
- Agora ficas aqui a descansar. Sem responsabilidade, sem obrigações nenhumas, sem fazeres nada. Não podes, mesmo que queiras.
Suspirou profundamente aceitando relutantemente o seu destino....
Coloquei um CD de Enya a tocar suficientemente alto para não me localizar. Fechei a porta, com alguma força para se ouvir no meio da música. Foi como se estivesse a sair mas fiquei na sala. Vendada não tinha forma de saber.
Por vezes tentava lutar com as amarras e espreitar. Em vão. Dali não ia conseguir sair. Os nós eficazes eram simultâneamente a sua cárcere e a sua liberdade.
Curiosamente sentia-se dominada mas aconchegada e segura. Nada a fazer...
Não era possível sair, não sabia onde eu estava (mesmo ao lado a observar), não sabia o que ia acontecer. Aos poucos cedeu ás evidências, ao cansaço e á suave música.O seu corpo soltava a tensão
Fui para a cozinha, pé ante pé, com o CD a rodar a ultima música. Já passara quase uma hora.
Retirei as frutas de dentro do frigorífico que ficaram a refrescar desde o inicio da tarde. Distribuídas na bancada seriam a parte B do plano.
Tinha acabado de descascar as frutas quando a musica parou... Fez-se silêncio e eu fiz uma pausa para ainda não deixar pistas. Sentia a tentar chamar. Deixa estar...
Comecei a descascar, a cortar sobre a tábua, a lavar, a espremer. Tudo lentamente para deixar que ouvisse todos os sons, um a um. Que lhe estimulasse a imaginação.
Coloquei taças, copos, talheres num tabuleiro metálico, propagando o som de cada movimento.
Finalmente parei na sala colocando o tabuleiro na mesa.
Levantei-a cuidadosamente e sentei-a numa cadeira levando os seus braços atados para trás do encosto.
Enchi um copo de sumo de laranja e limão acabados de espremer. Coloquei uma palhinha.
Soltei lentamente o lenço que a amordaçava, beijando seus lábios, suavemente.
- já percebeste que eu é que controlo tudo?
- sim - respondeu baixinho.
- tens sede?
- muita
Deixei cair dois cubos de gelo, no copo de sumo, para que se ouvisse claramente e encostei o copo a seus lábios.
- está bom? - inquiri após ter terminado de beber
- perfeito.
Peguei na taça com frutas meticulosamente cortadas e geladas. ...Muito geladas.
Com um garfo passava a fruta pelos seus lábios antes de lhe dar.
Trocava sabores para chocar o seu paladar. Após doces pedaços de manga, banana ou morango surpreendia-a com um pouco de uma amarga toranja ou de um ácido limão...
Reagia sempre mas nem tentava parar.
Fazia-a procurar, com a sua boca, a fruta que lhe passava nos lábios e que sem ver, avidamente caçava...
Soltei-lhe as mãos. Após este tempo todo podia começar a maçar embora estivesse tão concentrada nos sabores que nem se lembrava que estava atada.
Desde o frio da fruta, ao contraste dos sabores, ou á venda que a deixava no escuro tudo a deixava num outro mundo. Completamente alheada da realidade. Extasiada.
Obedecia cegamente (neste caso não é apenas uma expressão) a tudo, sem qualquer hesitação. Deixou-se possuir completamente como de a sua alma fosse minha.
Beijei-a intensamente para aquecer seus lábios e retirar todo o sumo escorrido.
Fiz uma silenciosa pausa. Coloquei outro CD, na mesma de Enya.
Despi a sua roupa, peça a peça, passo a passo, toque a toque, ficando apenas de cuequinhas.
Mantendo o lenço sobre os seus olhos amarrei o seu cabelo com outro, de muito fino algodão, à camponesa, em triângulo atado sobre a nuca. O toque do tecido na sua face era provocador, agora que já estava hipersensível.
Mais de duas horas vendada estimulara-lhe todos os outros sentidos.
Coloquei um lençol de cetim sobre o grosso tapete do chão e, sobre este, deitei-a de barriga para baixo com os braços ao longo do corpo. Escorri-lhe um fino fio de óleo de amêndoas aquecido pelas costas.
Com pesada robustez esfreguei-lhe repetidamente as costas. O contacto das minhas mãos fazia-a soltar pequenos gemidos.
Os movimentos esticavam-se, agora, por todo o corpo, das mãos, aos pés, ao pescoço. Sempre pesados, sempre lentos.
A medida que o corpo cedia à massagem tudo ficava mais leve, mais superficial.
Sem que desse por isso tirei a minha roupa toda. Deitei-me sobre ela para que sentisse o meu corpo nu. Agora era integral a massagem corpo a corpo.
Despi as suas cuecas e virei-a de barriga para cima...
Voltei a usar apenas as mãos. Desta feito com a leveza de uma pena. Sobre os seu pontos mais sensíveis: pescoço, orelhas, axilas, atrás dos cotovelos, atrás dos joelhos, coluna, umbigo, interior das coxas, costelas, pés...
Nesta altura toda a pele era uma infinita fonte de sensações.
Discretamente passei a tocar todas as suas zonas eróticas.
O seu corpo contorcia-se à procura da minha mão. Levantava os quadris, qual gata com cio, expondo-se, oferecendo-se, mostrando-se pronta... submissa...
Seus músculos contraiam-se descontroladamente. Ao mínimo toque as suas reacções eram ampliadas, espontâneas e imediatas.
Sem nada dizer abria as pernas com as mãos, afastando os joelhos, num silencioso grito de "VEM, ENTRA, JÁ".
Como um sobrehumano teste de resistência não lhe fazia a vontade. Tocava-a ainda mais perversamente, deixando-a mesmo no limite da explosão, mas sem nunca a deixar lá chegar. Por vezes tinha de reduzir a intensidade, para estar sempre a pisar o risco sem o passar.
Subitamente, sem qualquer aviso prévio, a estocada, qual matador. Bastou entrar, até ao fundo, num único tempo. Seu corpo disparou contracções, gemidos, torções. Movia-se freneticamente sugando todo o prazer que podia obter. Sem limites.
Tinha chegado ao cume por largos minutos.
Até que finalmente cedeu.
Sem pensar em mim saí de dentro dela. Levei-a ao colo para a cama e abafei-a.
Retirei cuidadosamente o lenço que a vendara deixando o lenço na cabeça que lhe prendia o cabelo.
Demorei-me, deliciadamente, a olhar para ela, de lenço, totalmente relaxada e satisfeita, dormindo como uma criança.
Sem stress...
QT
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