Quadrado Textil

Quadrado Textil
Lenço (latin linteum, -i, pano de linho) s.m. Peça de roupa, que consiste num pedaço de tecido, quadrado, com que se abriga o pescoço ou a cabeça.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Vou de Lenço no Pescoço

Anuncios pessoais

Homem, 25 anos, procura sra. 25-35 anos para conversar sem complexos e abrir o seu mundo secreto de adoração do uso de lenços.
Contacto a este jornal ao anúncio pessoal #934

Senhora, 29 anos, procura homem simpático e bom ouvinte e conversador imaginativo, para amizade.
Contacto a este jornal ao anúncio pessoal #937

Lisboa, 18 de Março de 1987

Olá
Sou a Cris e achei muito interessante o teu anúncio pessoal no jornal "A Capital"
Eu gosto muito de conversar e sou muito criativa mas, principalmente, gosto de moda e de usar lenços. São tão versáteis suaves e bonitos.
Por isto julgo que temos tema de conversa.
Aguardo a tua resposta
Beijinhos
Cris

PS também tinha um anúcio no mesmo dia era o Número 937


Lisboa, 22 de Março de 1987

Olá Cris
Gostei imenso que me respondesses.
Sou o João e como leste o anúncio sabes que tenho 25 e adoro lenços.
Os lenços são um segredo que guardo e nunca tive coragem de contar a niguém. Resolvi tentar desta forma que é a única forma de por uma vez na vida revelar-me.
Gostavas de um dia encontrar-me para podermos conversar longamente?
Gostaria de te conhecer e partilhar o nosso gosto.
E, é curioso, mas o teu anúncio ficou-me "no canto do olho". Estive para responder mas adiei sempre para o dia seguinte e cá estás à minha frente.
O meu telefone é 605012. Se quieres liga-me. Eu gostaria muito.

Um beijinho

João


Passei os dias seguintes a pensar se Cris ligaria. Embora pouco crente. Não conseguia deixar de imaginar como seriam as conversas. De como ficaria nervoso.
E como seria ela?
Será que usa mesmo lenços?
Devo voltar a escrever e insistir? Mas não a quero afugentar.
Vou ver o 1,2,3 que deve estar a dar na televisão.
Já os concorrentes estavam na última escolha quando o telefone toca.
Atendo a olhar para a TV e ouço:
- Olá. Estou a falar com o João?
- Sim...
- Sou a Cris. Escreveste-me uma carta...
- Ah, Cris!!! Que bom que ligaste. Estava ansioso.
- Espero que não penses mal de mim, a ligar tão depressa. Nunca fiz isto. Nem sei porque o fiz agora.
- Claro que não. Estou tão feliz por ter com quem falar.
- Dos lenços não é?
- .....sim.
- nunca tinha ouvido falar.
- não é frequente mas no meu caso é um poderoso fetiche.
- fetiche?! Ui, que forte.
- ahahahaha. É verdade. Quem souber usar fica com o controlo quase total sobre mim.
- que giro!
- e tu gostas de lenços?
- não é um fetiche mas gosto muito de usar. Tenho vários que uso. Adoro a sua versatilidade e o estilo que dão.
- posso perguntar-te se queras te encontrar comigo um dia destes?
- Podes perguntar. Quero claro.
- No sábado?
- Pode ser. À tarde será melhor
- Que tal encontramo-nos no Chiado, à frente do Grandela, pelas três horas?
- combinado. Vou de lenço ao pescoço. Assim reconheces-me logo.
- Vais?! Que boa ideia, Cris. Adorei. Que boa ideia...
- Então despeço-me já. Até Sábado. Gostei de te conhecer. Beijocas.
- até Sábado. Também gostei muito de te conhecer. Beijinhos.

Fantástica. Mal nos conhecemos, ou nem isso e já eva um lenço para o primeiro encontro. Pensava que só em filmes. Isto é mesmo fantástico.
Será que não se esquece do lenço no pescoço?
Como será a Cris?
Como será o lenço que leva ?
Como o vai atar, como vai dobrar?
E, principalmente, que rumo tomará a nossa conversa e o nosso encontro?
Passei a semana a pensar naquela voz a dizer:
"Vou de lenço no pescoço"....
"Vou de lenço no pescoço"....
Cada vez que pensava o coração dispara. Adrenalina concentra-se nos meus vasos.
Sábado. Acordei cedissimo. Passei a noite a imaginar como seria o encontro. As horas passavam lentamente. A ansiedade multiplicava-se.
Finalmente era altura de sair. Cheguei bem antes de hora marcada.
Sera que vinha mesmo? Viria de lenço como combinado? Como será ela?
Uma infinidade de incógnitas que me acompanharam até à chegada de Cris.
Tinha o radar ligado. Sob a sombra dos meus óculos de sol controlei todos os pescoços femininos que passavam por ali. Nem um lenço...
Até que, pela esquerda surgia uma mulher de lenço no pescoço, perfeitamente dobrado e atado, com o nó ligeiramente sobre a sua esquerda. Fantástica. Só podia ser Cris.
Denunciei a minha presença com um desmedido sorriso. Viu-me logo percebendo facilmente que era eu.
- Olá Cris.
- Olá João
- Vieste mesmo de lenço! Estás fantástica. És linda...
- Obrigada. Eu tinha dito que vinha assim.
Parece um sonho, um filme. Tão sensual de lenço que me fez derreter no primeiro olhar.
- E se fossemos até ao miradoro de S. Pedro de Alcantara? Basta subir a rua e conversamos pelo caminho. - sugeri.
- Gosto da tua ideia.
Conversamos enquanto subiamos. Foi uma boa caminhada. O tema da conversa foi "os lenços" claro e um pouco do trivial de quem se está a conhecer. Cris, sempre muito curiosa, quer saber como é que um homem tem este fetiche.
- Eu sempre gostei e usei lenços. Mas nunca imaginei que algum homem viesse a reparar assim como tu.
- Gosto imenso de te ver e nem imaginas como reparo. E ficas espectacular.
Entretanto chegamos ao jardim e embora estivesse fresco o sol batia.

Sentado num discreto banco partilhavamos os nosso gostos.
- Está sol. O que achas se eu mudar o lenço para a cabeça? - sugeriu
- Adorava

Suavemente desatou o lenço do pescoço, desdobrou, alisou com as mãos e refez a dobra descentrando. Atou maravilhosamente à pirata, deixando as pontas dos cabelos escorrerem por baixo do lenço até aos ombros. Maravilha!.....
Nunca deixou de olhar para mim, pelo canto da olho, analisando cientificamente as minhas reacções. Que foram muitas e intensas...
Começou a aperceber-se que havia um poder hipnótico dos lenços sobre mim.
- O lenço provoca-te, não é?
- Muito...
- Conta-me
- As Mulheres as vezes têm um grande trabalho para ter a atenção dos homens; vestem-se, perfumam-se, movem-se de forma a conseguir. Comigo basta usarem um lenço. No meio de 10 mulheres se uma usar lenço é para essa que olho primeiro. É com essa que quero estar. Parece um anúncio.
- Que giro! E posso usar lenços ao pé de ti? Não te importas que provoque?
- Claro adoraria

A conversa, a partilha de interesses, já gerava alguma empatia. O tempo voou.
- E se nos encontrassemos amanha? sugeri?
- Gostaria muito. Vamos passear ao pé da praia? Ando stressada e assim descontraio.
- Optimo. que tal as 9:00
- Não. Ás 8:00. Quero ter mais tempo.
- Perfeito. Vou-te buscar?
- Não. Vou eu buscar-te. E vou de lenço, claro. Só não te digo como.

Ansioso, novamente, mal dormi.
Ás 8:00, no local combinado já estava à espera da Cris.
Chegou pontualmente.
- Ahhh!

Vinha de descapotável. E de lenço! De cores fortes, azul e vermelho, em seda, com uns grandes 90cm de lado, na cabeça, qual Grace Kelly. Cheia de estilo, cheia de classe, lindissima, sensualissima...
Reconhecia logo mesmo escondida atrás dos seus óculos escuros. E na verdade raramente se vê um lenço assim. Destaca-se. Foi fácil.
- Olá. Gostas assim?
- Infinitamente. Fantástica. - Já nem sabia que dizer...
- Obrigada. Vamos, então, para a praia?
- Vamos - respondi sorridente de orelha a orelha.

Viajar de carro, com uma linda mulher de lenço ao meu lado. Que forma "emocionante" de começar o dia.
Rapidamente chegamos à praia, na Costa. Como na véspera, fresco mas céu limpo. Praia deserta que é o normal no final de Março.
Deixamos os sapatos no carro e fomos disfrutar a maré vazia. O ruido das fortes ondas de inverno enchia a praia.
Andamos para sul.
- Estava mesmo a precisar de aventura, de descontracção. Disto mesmo. - confessou

Subitamente o meu olhar denunciou-me.
- Para onde olhas? Que pensas?
- Numa brincadeira que pode fazer esquecer o stress. Se é aventura e emoção que precisas lembrei-me de algo que pode ser giro - repondi algo envergonhado.
- Quero fazer, conta.

Cris era sempre curiosa, sem preconceitos, descomplexada e interessada. Gostava de experimentar. É espectacular porque não há muitas mulheres assim.
- Já andaste vendada na praia?
- Vendada?! hummmmmm. Jogar à cabra-cega?
- Não será bem isso mas podemos começar assim.
Cris parou frente a mim, olhos nos olhos, já sabendo que iria usar o lenço dela.
Fiquei muito próximo. Desatei, suave e lentamente, o nó atras da nuca do seu lenço com as duas mãos quase em abraço. Foi a primeira aproximação mais física.
Desci o seu lenço, pelo lado esquerdo da sua cara, roçando a gentilmente a seda. Parecia gostar.
Dobrei cuidadosamente e sem falhas o lenço num larga fita, virei-a de costas para mim e soprei ou seu ouvido:
- Pronta?
- Sim....
Atei, docemente, o lenço sobre os seus expressivos olhos. Apertei, firmemente, com mil cuidados. Levei todo o tempo possível. Adoramos cada segundo.
Afastei-me ligeiramente
- Agora apanha-me...

Jogamos quase uma hora
Quando um apanha o outro as mãos não só agarravam o fugitivo, como mandam as regras no jogo tradicional, mas percorriam durante escassos segundos o seu corpo e "acidentalmente" examinavam muito mais.
Esses segundos eram inflacionados por cada vez que um era apanhado. E no final do jogo os escassos e passaram a muito longos segundos de análise corporal.
Na útlima vez que Cris estava vendada, a tentar apanhar-me, tirei a camisa sem se aperceber. Quando me agarrou excamou:
- Ah! Onde está a tua camisa?
- Estava com calor.
- Tens uma floresta no corpo!
As suas mão passaram longamente pelo meu tronco, lido como um livro em braile. Analisou centímetro a centímetro, repetidamente. Parecia gostar. Cheirou-me, várias vezes, sem pudores e disse.
- Tenho de usar todos os sentidos, já que não vejo.
Passada a intensa exploração fez uma pausa enquanto eu apreciava o espectáculo.
- Não me tiras o lenço dos olhos?
- Não. Vamos continuar a passear assim. Como tinha pensado inicialmente. E mais à frente tenho outro jogo diferente.
- Hummmm. Vamos, vamos. Já estou ansiosa...

Continuamos a caminhada com a Cris agarrada á minha mão por ir vendada.
Ouvia, agora muito mais, o som do mar, sentia as diferenças das texturas, da areia molhada, de forma mais perceptível, o frio das poças de água era mais arrepiante. Palpava a minha mão procurando expressões. Estava noutro mundo. O dos sentidos...
Agora não havia trabalho, horas, compromissos ou quaquer outro sinal urbano. Apenas areia, mar, sol e eu. Era o antistress mais eficaz.
Após mais algum tempo de caminhada parei. Rodei-a, desorientei-a....
- Que vais fazer agora? - perguntou curiosa.
- Vamos jogar às ondas.
- Ondas?!
- Já vês. Ou melhor: já sentes.

Vendada não tinha a noção da distância a que as ondas quebravam. Com a audição mais sensivel tudo parecia mais próximo.
Aproximavamo-nos da linha de água e por cada onda que batia fugiamos. Eu guiava-a, avisava-a e... alarmava-a dando a entender que a onde já estava em cima de nós.
Gritava com medo de se molhar e corria perdida.
Comecei por fugir da onda ainda afastado da linha de água. Andou a convencida que estariamos mais próximo do mar. De cada vez avançava um pouco mais. Cris já temia ficar molhada, já dizia: - pára que nos molhamos.
Completamente perdida, cada vez que corria sem ter noção onde estava. Por cada onda que escapavamos abraçavamo-nos no final.
Até que cansados paramos...
Virei-a para o mar e pelas suas costas abracei-a.
Desapertei delicadamente a sua blusa, botão a botão. Cris estava rendida, nas minhas mãos, num caleidoscópio de sensações.
Baixei o lenço, sem desfazer o nó, dos seus olhos até ficar caído ao pescoço. Retirei carinhosamente o cabelo da Cris para fora da argola formada pelo lenço, puxei a frente do lenço sobre a testa dela fazendo uma fita larga a segurar o seu cabelo.
Suavemente as minhas mãos viajavam pela sua barriga,.... costelas,... axilas,... ombros,... pescoço,... nuca,... por entre os peitos,... ou contornando-os sem nunca toca-los mas sempre passando bem à tangente.
Agora falava-lhe baixinho ao ouvido.

- venci?
- venceste?!
- venci o teu stress? relaxada?
- sim... , extinguiste todo o stress.
Ficamos tempos assim apenas a comtemplar.
- Voltamos? - perguntou
- Sim, voltamos.

No caminho de volta, conversavamos tranquilamente quando acutilantemente perguntou:
- Para além de gostares de ver mulheres com lenços que mais gostas de fazer com o acessório?
- Ui.... Queres mesmo saber?
- Quero, quero, quero...
- Jogos de domínio...
- Hummmm. E tu és dominador ou dominado?
- Gosto de ambas as formas. Não tenho preconceitos...
- Hummmm. Sabes que sou muito dominadora? Isso é muito tentador.
- Mas hoje quem mandou fui eu.
- Hoje...
- Ahahaha.
- Ri-te, ri-te. E depois não te queixes. - ameaçou sensualmente
- De certesa que não me queixo. Só queria ver se tinhas coragem.
- Não me provoques. Tu queres...
- Quero...
- Ai, ai...
- Encontramo-nos amanhã?
- Adorava... que tal irmos correr?
- Optima ideia. - concluí.
Chegamos ao carro. Calçamos os sapatos após limpar a areia e deliciou-me, novamente, ao por o seu lenço na cabeça estilo Grace Kelly como tinha vindo.
Ambos queriamos saber mais do outro, explorar, provocar.
Cansados combinamos ir ao estádio nacional às 8:00 e falamos de trivialidades, até chegar a casa.
- Então até amanhã. - despediu-se a Cris
- Até amanhã, já estou ansioso.
Voltei a acordar de madrugada. Ainda faltava para as 8:00 e já saia do eléctrico, perto do Estádio Nacional.
Esperava no estacionamento quando avistei o descapotável da Cris, ansioso para ver se vinha provocante. E vinha... Depois de tirar o casaco sobre a sua camisola laranja, calças de fato de treino justas azuis escuras e ténis Le Coq Sportif, também azuis escuros. Umas perneiras laranja e rematava com um pequeno lenço de fino algodão laranja, com bolinhas azuis escuras, na cabeça, em triângulo, atado atrás da nuca. Indumentária perfeita para desposto, perfeita para provocar-me.
- Linda e sensual como sempre - deixei escapar.
- Obrigada.
- Fazemos o circuito grande ou o pequeno?
- O grande. Assim passamos mais tempo juntos.
Duas horas passaram entre desporto e olhares, que eu perdia vendo-a de lenço tão bem posto, enquanto corria na minha frente.
A terminarmos perguntou-me se queria boleia.
- Assim irresistivel sabes que seria impossível recusar.
- Mas antes tenho de passar em casa para tomar um duche. Não te importas? - interrogou Cris.
- Claro.
Estacionou o carro e, algo desconfortável, disse.
- Tenho a casa completamente desarrumada. Não está em condições de ser visitada. Perferes esperar no carro?
- O que me dizes é que não gostarias que visse a tua casa desarrumada. Não é? - Disse-lhe nada inocentemente
- Vem. - Convidou com um certo mistério.
Enquanto o elevador subia tirou o lenço da cabeça dobrando numa fita larga. Na entrada, antes de por a chave na porta e apenas com um sorriso, olhando-me nos olhos vendou-me com o seu lenço.
- Perfiro que não vejas a desarrumação. Ficas bem assim?
- Fico...
Sentou-me no sofa e disse para esperar sem espreitar.
Voltou com um lenço grande, que na altura não podia ver.
- Quero ter a certeza que não espreitas por isso tenho de fazer isto - avisou enquanto me atava as mãos atrás das costas com o lenço.
Foi para o banho e levou muito tempo. A minha imaginação perdia-se em cenários possíveis. Já "fervia". Ouvia muitos sons vindos da casa de banho. Parecia fazer arrumações. E eu ali amarrado e excitado.
Finalmente voltou.
- Queres tomar um duche?
- Quero
- Tens as toalhas e roupão sobre o bidé e tudo o que precisas na prateleira do duche. Vou desatar-te as mãos mas só podes tirar a venda depois de estares lá dentro e eu fechar a porta. Antes de sair tens de voltar a vendar-te com o lenço preto que deixei sobre as toalhas. De acordo?
- Sim... És perversa.
- Sou. E ainda não viste nada. Nem me parece que vás ver - disse ironicamente referindo-se à venda.
Parecia tudo premeditado...
Tomei rapidamente o duche, sequei-me, vesti o roupão, vendei-me com aquele suave lenço preto. Cris abriu a porta antes de eu lá chegar.
- Vem. Senta-te que eu vou atar essas mãos novamente. Não podes espreitar.
Amarrado novamente, mas com o cinto de tecido do roupão, que o deixou semi aberto, Cris ficou, em silêncio a olhar para mim.
No estado em que estava e sem cinto no roupão Cris examinava-me com o olhar.
Percebia-se que ela estava a gostar disto. E eu a adorar.
- Que vais fazer, Cris?
- Shhhhhh. Estás excitado... Maroto. Agora é a tua vez.
- De quê?
- De cheirar o meu corpo sem ver. Ontem fui eu.
Cheirava tão bem. Hummmmm...
Parecia que estava despida.
Encostava os meus lábios no seu corpo e perguntava que parte era, como se fosse um jogo.
O queixo, a bochecha, o cotovelo, o umbigo, o peito (onde me fez ficar longamente beijando, mordiscando, lambendo...). Durou...
- Agora deita-te. Ordenou
Por baixo do roupão percorreu o meu corpo todo com as suas mãos. Todo.
Mediu-me palmo a palmo. Analisou cada músculo, cada cartilagem, cada articulação, cada pelo, cada orifício...
Foi uma pura exibição de domínio.
Agarrou o meu sexo como se fosse dela. Tocou-o, virou-o, provou-o, descobriu-lhe todos os segredos.
Subitamente sinto um calor envolvendo-o. Era a sua boca o "engolia". Ahhhhh.
Cris fazia-me aproximar do extase mas nunca deixava chegar lá. Provocadora... Sempre a dominar a acção.
Passado algum tempo, já estava eu mesmo no limite, abrandou. Não quis que eu explodisse.
-Vou-me vestir. Já volto. Deixando-me sentado abandonado.
Quando voltou, pouco depois, soltou-me as mãos mas manteve o lenço nos meus olhos. Vestiu-me a roupa que eu trazia na mochila.
- Vamos comer qualquer coisa e depois vamos ao cinema que achas?
- Assim vendado não vejo o filme. - respondi sarcasticamente.
- Quando sairmos de casa eu tiro-te o lenço dos olhos.
- E vamos ver o quê?
- Um filme que estreou ante-ontem e que ando ansiosa para ver. Nove Semanas e Meia.
Devia ser coisa boa...
Saimos de casa e muito lentamente tirou-me a venda. Como sempre provocava-me.
Só agora é que consegui ver o que vestia e trazia um lenço grande, em fita larga, no cabelo, com as pontas descaídas sobre o ombro esquerdo. Fantástica...

Após uns rápidos pregos no pão fomos ao cinema Estúdio sobre o Império na Almirante Reis.
A cena do gelo e da venda ficou logo na nossa retina. Trocamos olhares em silêncio.
Atentamente, cena após cena, a nossa imaginação fluia.
Esse filme não será esquecido...
Terminado saimos e ficamos a conversar sem mensionar as cenas que nos provocaram.
- Queres passar na minha casa amanhã, pelas 15:00? É feriado. - convidou Cris
- Amanhã? - hesitei
- Vens? - como se fosse uma ordem.
- Vou.
Ambos tinhamos que fazer e recolhemos a nossas casas.
No dia seguinte lá estava eu à sua porta.
Em silêncio absoluto abriu e dirigiu-se para a sala. Estava de saia descaída e blusa branca apenas com um botão apertado. Um lenço, também branco, grande mal lhe prendia um rabo de cavalo.
Um copo cheio de pedras de gelo estratégicamente colocado à vista.
Sem pressas desfiz o unico nó do lenço que lhe segurava o rabo de cavalo, passando-o repetidamente entro os meus dedos.
Apenas reproduzi as palavras, do filme, que desde a vespera não me me saiam da cabeça:
- May I blindfold you?
- And if I don't want?
- You may ask me to leave...
- ...I don't want you to leave.
Com toda a suavidade atei o lenço sobre os seu olhos com dois nós seguros.
Ambos disfrutavamos a doçura do momento.
Desapertei botão da blusa descobrindo os seus seios que denunciavam a sua excitação pela firmeza dos mamilos.
Empurrei-a sobre o sofá, deixando-a deitada.
Peguei num cubo de gelo, para deixar cair pingos, que escorriam do peito para o umbigo. A minha língua seguia a água enquanto escorria no seu reactivo corpo.
Pingo a pingo, minuto a minuto, suspiro a suspiro o controlo desvanecia.
Em seguida os botões da saia. Um a um foram todos abertos e a saia caía ao chão junto ao sofá.
Cris resistia a contorcer-se para não denunciar a sua excitação mas já era tarde. Agora os pingos já escorriam da barriga para baixo pelo seu corpo meticulosamente aparado.
A lingua que milimetricamente seguia os pingos penetrava no seu vale, aquencendo o que a água gélida acabara de arrefecer.
Havia sempre mais um, e outro, e outro... Cris já não tinha por onde se torcer mais quando parei de usar o gelo. Agora sentia-se a ser sugada. Fortemente sugada. E uma língua entrava e saia de dentro dela sem tréguas.
Agarrei fortemente as suas pernas abertas. Contorcia-se e contraia-se, gemendo descontroladamente, sem qualquer pudor. Estava a ser possuida.
Era o culminar destes últimos dias de encontros. Todo o seu corpo era extase. Mais que a sua resistência física permitia, mais que a sua imaginação jamais criara.
Até ao grito final...
Ficamos abraçados até de manhã.
Voltamos, novamente, às nossas vidas mas Cris sabia, agora, que com os lenços tinha um novo poder.
E que bom que o sabia usar...

QT

4 comentários:

  1. Que belo conto! Amei o contexto do blog! Beijos e ótimo resto de semana!

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  2. Gosto muito mesmo de ler os teus contos ;)
    ( Anda a dar-me ideias )
    beijos e uma optima semana, Mister Lenço :)

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  3. Finalmente,encontro o meu favorito!De todos os que li,ppara mim é inegavelmente o melhor!Aguardo ansiosamente os próximos!Que nunca te falte a inspiração.E que nunca nos falte teus contos!

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  4. Mas que bela história de amor esse conto possui!Fiquei muito fascinado ao ler por completo toda essa história de amor tão bonita, pois eu gosto muito de mulheres que usam lenços bonitos de seda em todos os momentos mais lindos da vida.
    E quando vejo mulheres usando seus belos e elegantes lenços, meus olhos ficam completamente cheios de paixão ao sentir e contemplar todo o charme e beleza que há em todas as mulheres lindas e perfumadas;que para mim são como rosas bonitas exalando um perfume delicioso sobre as delicadas peles femininas.

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